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Relatório aponta que apenas 1/3 das crianças do mundo goza de Proteção Social

06/02/2019 08h57

Genebra, 6 fev (EFE).- Apenas um terço das crianças do mundo goza de proteção social, com números que oscilam entre 87% na Europa e Ásia Central, 66% no continente americano, 28% na Ásia e 16% na África, segundo dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

"Em quase todas as regiões, a pobreza afeta as crianças de maneira desproporcional; elas têm o dobro de probabilidades do que os adultos de viver em pobreza extrema", disse a diretora do Departamento de Proteção Social da OIT, Isabel Ortiz, ao apresentar um relatório sobre proteção social para as crianças.

O estudo foi elaborado conjuntamente com o Unicef com a intenção de deixar mais uma vez em evidência o pouco investimento social que é feito nas crianças, em particular nos países em desenvolvimento.

O tema será abordado em uma conferência internacional sobre o subsídio universal à infância que ambas as entidades realizam em Genebra entre os próximos dias 6 e 8 de fevereiro.

"As crianças entre 0 e 14 anos são 25% da população mundial, mas só é atribuído 1,1% do Produto Global Bruto à sua proteção social", sustentou Ortiz.

Quanto mais pobre é a região, pior é a situação de suas crianças, como confirma o caso da África, onde as crianças são 40% da população, mas só é destinado 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do continente à sua proteção social.

No entanto, o fato de um país ser de renda média ou baixas não necessariamente condena suas crianças à desproteção, como mostram os casos bem-sucedidos da Argentina, Chile, Mongólia e África do Sul, que estão em caminho ou já alcançaram a cobertura social universal para elas.

Ortiz explicou que um dos obstáculos mais frequentes são as pressões que há sobre os orçamentos públicos devido a políticos de austeridade ou de consolidação fiscal, que podem ajudar ao corte de subsídios destinados às famílias.

Embora trata-se de políticas econômicas de curto prazo, seu impacto nas crianças pode ser de muito longo prazo, ao afetar o acesso à educação, suas possibilidades de receber atendimento médico e a sua nutrição quando estão em plenário crescimento.

Na entrevista coletiva, o chefe da Unidade de Proteção Social do Unicef, David Stewart, sustentou que a pobreza infantil "freia o desenvolvimento do potencial das crianças" porque quando esta afeta um ou mais desses pilares muitas vezes não se pode recuperar o perdido.

Entre as medidas que o Unicef e a OIT apresentam em seu relatório conjunto e que demonstram que dar cobertura social às crianças é possível, inclusive nos países pobres, estão a atribuição de dinheiro público e a utilização de impostos específicos como fonte de financiamento. EFE