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Talibãs condicionam diálogo de paz a retirada de sanções contra movimento

06/02/2019 13h08

Moscou, 6 fev (EFE).- Os talibãs condicionaram nesta quarta-feira o início do diálogo de paz no Afeganistão ao fim das sanções contra o seu movimento e a libertação de combatentes "e afegãos inocentes" reclusos nas prisões americanas.

"As conversas de paz e as sanções são duas coisas incompatíveis, não podem andar de mãos dadas. É necessário que essas sanções sem fundamento e as listas usadas como instrumento de pressão sejam suspensas para que os representantes do Emirado Islâmico (como os talibãs se autodominam) possam participar sem impedimentos de negociações de paz em diferentes lugares", disse Sher Muhammad Abbas Stanekzai, o dirigente da delegação talibã no segundo dia de reuniões que eles e representantes de diferentes facções e movimentos políticos do Afeganistão realizam em Moscou (Rússia), de acordo com a agência de notícias "Interfax".

O representante talibã também colocou como condição prévia ao início das conversas a libertação de "todos os mujahidins e afegãos inocentes detidos nas prisões" nos Estados Unidos. De acordo com Stanekzai, os Estados Unidos capturaram "milhares de afegãos e mujahidins", que são mantidos em prisões, às vezes secretas, e que, segundo eles, são submetidos "a maus-tratos que vai contra todas as leis".

Outra solicitação é a abertura de um escritório do grupo no Afeganistão para poder participar de forma regular das conversas de paz e ter um "endereço formal".

Segundo Stanekzai, a Organização das Nações Unidas e outras potências globais, assim como membros da Organização para a Cooperação Islâmica e países mediadores, devem ser "fiadores do processo de paz" no Afeganistão, dado que sem eles as provisões de um acordo não podem ser aplicadas adequadamente.

O membro da delegação talibã Mawlawi Abdul Salam Hanafi citou, por sua vez, outra condição para o avanço para a paz, que é a retirada das tropas americanas. Este assunto foi abordado recentemente no Catar com representantes dos Estados Unidos e Hanafi disse que Washington prometeu "retirar a metade das suas tropas entre começo de fevereiro e final de abril", apesar de as datas ainda não terem sido fixadas.

O governo afegão não participa formalmente das reuniões em Moscou, organizada pela diáspora afegã na Rússia. Porém, Muhammad Muhqiq, que é o número três do chefe do Executivo, Abdullah Abdullah, está nas conversas como líder do Partido Hezbe Wahdat.

Ontem, o ex-presidente Hamid Karzai qualificou de "muito bom" o primeiro dia de consultas, mas não deu detalhes sobre. EFE