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Ernesto Araújo afirma que Maduro teria deixado o poder se não fosse por Cuba

07/02/2019 22h01

Washington, 7 fev (EFE).- O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quinta-feira em Washington que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, já teria deixado o poder se não fosse pelo apoio do governo cubano e considerou que o "problema" da suposta influência de Cuba na Venezuela deve ser abordado no futuro.

Em entrevista coletiva, Araújo foi questionado se está de acordo com a análise do Executivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a influência de Cuba na Venezuela e na Nicarágua, países que descreveu como "troika da tirania".

"Sim - respondeu Araújo -, estamos totalmente de acordo que Cuba tem um papel e um papel infeliz em manter Maduro no poder e é um problema que deve ser abordado no futuro. O governo de Maduro não seguiria no poder se não fosse por Cuba".

Araújo, de visita esta semana na capital americana, conversou sobre a Venezuela com o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton; o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo; o senador Marco Rubio e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

Com todos eles, Araújo falou sobre como ingressar ajuda humanitária na Venezuela em resposta ao pedido formulado pelo líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente em exercício da Venezuela, apesar da recusa do governo de Nicolás Maduro, que assegura que isto pode abrir passagem a uma invasão estrangeira.

Guaidó anunciou no sábado a formação de uma "coalizão nacional e internacional" de assistência humanitária para a Venezuela com pontos de armazenamento em Cúcuta (Colômbia) e no Brasil, assim como em uma ilha do Caribe, sem detalhar qual.

O chanceler brasileiro considerou que a entrada de ajuda humanitária na Venezuela entranha duas questões: primeiro o assunto "logístico" de como enviar a ajuda à fronteira da Venezuela e, depois, o tema "político" de como ingressar alimentos e remédios dentro do país.

Nos últimos dias, os EUA e membros da oposição venezuelana denunciaram que o exército da Venezuela está pondo obstáculos em estradas que ligam o país com a Colômbia para bloquear a ajuda.

Perguntado sobre qual poderia ser a reação do Brasil se essa situação acontecesse na fronteira do país com a Venezuela, o chanceler se limitou a dizer: "Esperamos que esta situação não continue. Talvez seja só uma esperança, mas esperamos que se recupere o uso da razão".

O governo brasileiro ainda não revelou a localização do futuro ponto de armazenamento, mas se especula sobre a possibilidade que fique na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. EFE