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Roma promove reintegração de presos com trabalhos de manutenção da cidade

08/02/2019 10h03

Laura Serrano-Conde.

Roma, 8 fev (EFE).- Um grupo de 30 presos está empenhado nos últimos dias em cobrir buracos no asfalto, fechar rachaduras e pintar sinalizações nas vias de Roma, um trabalho que faz parte de uma iniciativa que busca favorecer a reintegração de detentos na sociedade e contribuir para a manutenção da cidade.

Com macacões padronizados e ferramentas especiais, eles se incumbem de limpar ruas e ralos, tapar buracos e fendas e reparar faixas de pedestre e outras sinalizações viárias.

Todos são presos de baixo risco, selecionados criteriosamente para este trabalho e que fizeram um curso prévio oferecido pela concessionária Autostrade per l'Italia para operar as máquinas.

Durante três meses, eles aprenderam técnicas de conservação no curso de formação, para em seguida colocar em prática, graças a um programa de reinserção promovido pela prefeitura de Roma, pelo Ministério de Justiça e pelas autoridades penitenciárias do país.

A concessionária, filial da Atlantia, operadora de transportes da Itália, também fornece os equipamentos e as ferramentas necessários para as tarefas, que os presos desenvolvem voluntariamente e com a supervisão de policiais e agentes de segurança.

O projeto se chama "Me riscatto per Roma" ("Me redimo por Roma") e nele 30 presos vão cuidar e consertar problemas de pavimentação, começando pelas zonas periféricas.

Atualmente, o grupo trabalha na área da Torre Spaccata, no sul da capital, e nas próximas semanas continuará por bairros como Corviale, Quartaccio e Aurelio.

A prefeita de Roma, Virgínia Raggi, membro do Movimento Cinco Estrelas (M5S), já tinha recorrido no ano passado à ajuda dos detentos para limpar parques e jardins, e agora eles são chamados para fechar buracos nas ruas, um dos maiores problemas da capital e que mais gera críticas.

"O programa é fundamental tanto para os detentos quanto para a cidade. O objetivo é fazer com que essas pessoas realizem uma atividade que seja útil para a sua reinserção na sociedade", disse Raggi, antes de acrescentar que este é um gesto simbólico que valoriza as pessoas e o seu direito a trabalhar.

Fabio, um dos participantes do programa, explicou em um vídeo oficial que poder sair da prisão e trabalhar é bom para o seu futuro, porque é uma oportunidade de aprender um ofício e isso poderá abrir portas no mercado de trabalho quando sua pena terminar.

A jornada começa às 7h30, quando os presos se levantam, se preparam e esperam a chegada das autoridades penitenciárias, que os levam até o local de trabalho. Lá, limpam esgotos, reparam rachaduras e nivelam o asfalto. Às 15h30 eles voltam para a penitenciária de Rebibbia.

O ministro da Justiça da Itália, Alfonso Bonafede, destacou que a intenção do governo é estender esta iniciativa a outras cidades do país para desenvolver um plano nacional que demonstre que "o trabalho permite a reinserção social".

De acordo com o chefe do Departamento de Administrações Penitenciárias, Francesco Basentini, o projeto está tendo tanto sucesso que alguns países já entraram em contato para ter mais informações. Um deles é o México.

Segundo o vídeo oficial, ainda este mês, responsáveis pelo programa italiano irão ao país para explicar "os aspectos positivos e as dificuldades que encontraram para desenvolver uma atividade como esta". EFE