Topo

Milícias curdas garantem ter encurralado o EI em dois quilômetros quadrados

09/02/2019 14h42

Beirute, 9 fev (EFE).- As Forças da Síria Democrática (FSD), uma aliança armada liderada por milícias curdas, asseguraram neste sábado que os últimos combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) controlam apenas uma área de dois quilômetros quadrados no nordeste da Síria.

Os combatentes do EI apresentam resistência em duas cidades às margens do rio Eufrates, Baguz e Baguz al Fuqani, o último bastião do califado, que chegou a estender seus domínios em 2014 pelo território de metade de Síria e de um terço do Iraque.

Um porta-voz das FSD, Mustafa Bali, disse à Agência Efe em um e-mail que suas milícias "continuarão sua batalha até o final" para garantir que toda a região "seja liberada".

As milícias curdas, que contam com o apoio da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, conquistaram Baguz em setembro do ano passado, mas um mês depois voltaram a perder o controle dessa cidade fronteiriça com o Iraque durante uma feroz contraofensiva surpresa dos jihadistas.

Bali disse que não pode concretizar uma data para o final da campanha militar contra o grupo terrorista, ao contrário do presidente americano, Donald Trump, que na quarta-feira passada garantiu que "provavelmente" será possível anunciar formalmente a conquista "de 100% do califado" no prazo de uma semana.

Sem detalhar datas concretas, o porta-voz afirmou que as milícias pretendem lançar "em breve" seus próximos ataques contra os terroristas.

Segundo Bali, "cedo ou tarde" os bandos terroristas "terão que render-se" ou, caso contrário, as milícias curdas lutarão contra eles "até o final".

Mas, longe de render-se, os jihadistas lançaram um ataque contra uma posição das FSD perto do campo petrolífero de Al Omr na madrugada deste sábado, segundo informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

As milícias curdas, com o apoio de aviões da coalizão, conseguiram repelir o ataque e impediram o EI de infiltrar-se no campo petrolífero e causaram a morte de pelo menos dez membros do grupo radical, segundo o Observatório.

A ONG informou que a frente de combate viveu hoje uma calma relativa, depois dos enfrentamentos da madrugada.

Em relação à esperada batalha final, o Conselho Militar Siríaco (CMS), milícia integrante das FSD, anunciou hoje que está enviando reforços à frente de Baguz.

Concretamente, o CMS, milícia que está formada por combatentes assírios, grupo étnico de credo cristão, declarou que enviará sua unidade de assalto do regimento Mártir Ardighla para o "ataque final para derrotar o EI em Baguz".

Nas localidades ainda controladas pelos terroristas, segundo advertiu o porta-voz das FSD, permanecem milhares de civis, muitos dos quais são familiares dos radicais.

"Estas mulheres e crianças são consideradas civis para as FSD embora sejam familiares do EI, por isso temos cuidado e paciência com a operação", disse Bali.

O porta-voz das FSD acrescentou que seu grupo tenta evitar o uso de "armas pesadas" para evitar a morte destes civis, que seguem na região porque o EI os utiliza como "escudos humanos", inclusive "suas próprias crianças e mulheres".

Desde o início da fase final da ofensiva, em setembro do ano passado, as FSD asseguram que libertaram 15.000 civis da região, embora nesses últimos dias tenha diminuído o ritmo de saída de pessoas.

Segundo Bali, as FSD estão tentando abrir corredores humanitários para que os civis fujam dos últimos redutos do EI e possam ser transferidos a acampamentos seguros.

O objetivo no futuro, segundo Bali, será "desradicalizar" estas pessoas, para tentar evitar o ressurgimento do grupo terrorista.

"Estas pessoas tiveram que suportar muito sofrimento e opressão e os que já foram libertados tentamos recuperá-los e desradicalizá-los", acrescentou o porta-voz.

As FSD temem que os jihadistas possam se reorganizar depois que os Estados Unidos cumpram a promessa de Trump de retirar os 2.000 soldados que mantêm na Síria e que ajudaram os curdos a expulsar o EI das províncias sírias de Alepo, Al Raqqa, Al Hasakah e Deir Zor.

"O ressurgimento de tais grupos terroristas não depende só de nós como unidade militar, o problema é político, ideológico e psicológico e é muito grande", ressaltou Bali. EFE