Por tradição milenar, japoneses convivem com dois calendários
Tóquio, 10 fev (EFE).- Enquanto o resto do mundo vive em 2019, o Japão está no ano Heisei 31 por uma tradição milenar que mede o tempo por eras e obriga os cidadãos japoneses a utilizarem dois calendários.
"Tenho que usar o ano da era quando vou ao médico, quando assino um contrato ou quando faço provas na escola. Mas para outras coisas utilizo o outro ano. É um pouco cansativo", declarou Marina Ito, moradora de Tóquio, de 23 anos.
Embora o uso do sistema ocidental esteja cada vez mais difundido no país, esse costume adotado da tradição chinesa segue fazendo parte da vida cotidiana dos japoneses.
O calendário japonês é utilizado para datar a maioria dos procedimentos vinculados aos serviços públicos, além de documentações médicas e a carteira de habilitação, entre outros casos. O nome da era ainda consta em calendários físicos, nos jornais impressos, no currículo profissional e em provas escolares.
No dia 30 de abril, o imperador japonês Akihito cederá o milenar Trono do Crisântemo ao príncipe herdeiro Naruhito, pondo fim a 31 anos de Heisei e iniciando um novo capítulo na história do país. A partir desse dia, os japoneses terão que se acostumar a datar os documentos de maneira diferente.
O Japão é o único lugar do mundo que ainda utiliza este sistema de divisão do tempo, que implica em uma mudança de período toda vez que um novo imperador assume o trono.
Antigamente, o fim de cada etapa era decidido pelo próprio monarca quando queria marcar um novo começo após uma crise ou desastre natural, mas no século XIX passou a vincular cada período a um só reinado.
Akihito, que decidiu abdicar do trono em 2016, por considerar que a idade avançada o impedia de exercer suas funções plenamente, será o primeiro monarca japonês a renunciar ao trono em dois séculos.
O governo do Japão planeja batizar o novo período no início de abril, um mês antes da ascensão de Naruhito. A nova era receberá um nome (ou "gengo") composto por dois caracteres japoneses do alfabeto "kanji" cujo significado deve representar as expectativas desta etapa. Heisei simbolizou um tempo de "paz e conquista".
A mudança pode ser problemática para algumas empresas. A administração pública e milhares de empresas japonesas terão que adaptar sua documentação à nova denominação.
O setor tecnológico também enfrentará o desafio da primeira mudança de era desde a chegada da internet, o que preocupa empresas como a Microsoft, que temem que se repita o "bug do milênio" que aconteceu com a mudança de século.
"Na verdade, acho que será mais fácil para nós porque será o ano 1", opinou Ito, que admitiu que frequentemente precisa consultar as equivalências entre o ano da era e o ano internacional.
Os escritórios do governo oferecem uma tabela de conversão para as pessoas que tiverem problemas ao preencherem documentos. Algumas agendas também possuem esse recurso. Além disso, smartphones têm aplicativos que fazem o cálculo de forma automática. EFE
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