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Irã exibe 40 anos de conquistas armamentistas apesar do embargo ocidental

12/02/2019 06h02

Artemis Razmipour.

Teerã, 12 fev (EFE).- Devido ao embargo de armas, o Irã desenvolveu suas capacidades militares localmente, inclusive seus controversos mísseis, que agora expõe para comemorar o 40º aniversário do triunfo da Revolução Islâmica de 1979.

Em um espaço de 20.000 metros quadrados, no coração do famoso complexo religioso de Mosala, as Forças Armadas, junto com o Corpo dos Guardiões da Revolução e o Ministério de Defesa, apresentam ao publico 500 das suas conquistas em dez áreas de operação.

"Conseguimos fabricar os mais avançados equipamentos sem necessidade de depender do Ocidente", afirmou à Agência Efe o general Davud Abdi, diretor de Relações Públicas do Ministério de Defesa.

Abdi explicou que "os equipamentos blindados e mecanizados, os mísseis e os lançadores de mísseis são o resultado de quatro décadas de autossuficiência e gestão revolucionária".

Esse orgulho também é demonstrado pelos visitantes, adultos e crianças, que não paravam de fazer selfies com os tanques, os aviões, as embarcações e, principalmente, com os mísseis, na denominada "Exposição de poder 40".

Como destaque, no centro da sala está o míssil de cruzeiro de longo alcance Hoveizeh, com uma categoria de mais de 1.350 quilômetros e apresentado este mês, assim como os mísseis de cruzeiro Noor e Ghadir, entre outros.

Um dos seus construtores, Ahmadi Jam, de 74 anos e dono da empresa privada Jam, declarou à Agência Efe que o Hoveizeh é o terceiro míssil que elabora e que, por enquanto, não recebeu uma nova encomenda do Ministério da Defesa.

Durante estas últimas quatro décadas, o Irã ampliou seu programa de mísseis e desenvolveu sua indústria nacional armamentista sem prestar atenção às advertências dos Estados Unidos e dos países europeus, nem às suas sanções, endurecidas entre 2006 e 2007 em resposta ao programa atômico de Teerã.

Os programas de mísseis balísticos do Irã foram, de fato, uma das razões defendidas pelo presidente americano, Donald Trump, para retirar seu país em maio do ano passado do acordo nuclear multilateral de 2015 e voltar a impor sanções a Teerã.

A resolução 2231 do Conselho de Segurança, que consagrou o pacto nuclear, não proíbe o desenvolvimento desses mísseis, simplesmente faz um apelo ao Irã para que se abstenha de fabricá-los, e apoia a suspensão do embargo de armas contra o Irã em 2020.

Outro produto de destaque na exposição é o drone Shahed 171, que é a versão iraniana da aeronave americana RQ-170 Sentinel, que foi capturada pelos militares iranianos em dezembro de 2011, quando entrou no território do Irã perto da fronteira com o Afeganistão.

Neste sentido, alguns especialistas apontam que grande parte das conquistas armamentistas do Irã são, na realidade, cópias ou novas versões de modelos de outros países.

Além do embargo, a República Islâmica sempre afirma que aumentar sua capacidade defensiva é uma necessidade imperativa para evitar uma situação similar à ocorrida durante a guerra com o Iraque (1980-1988).

"O nosso povo ainda se lembra que durante a guerra imposta (com o Iraque) nós não tínhamos nenhuma defesa e os inimigos, os ocidentais, davam mísseis a Saddam Hussein", ressaltou o general Mohamad Azizi Delshad, assessor da indústria armamentista do Ministério de Defesa.

Por isso, Delshad disse à Efe que "o enfoque geral da República Islâmica é estar sempre preparado diante das ameaças" e que, nesta linha, é necessário produzir mísseis internamente.

"As pressões que estão nos impondo não são lógicas. Não é razoável que o inimigo nos ameace e mostre unhas e dentes e nós diminuamos nossa capacidade defensiva", acrescentou.

Além dos Hoveizeh, os Guardiões da Revolução apresentaram no dia 7 de fevereiro um novo míssil balístico de mil quilômetros de alcance denominado Dezful, já em produção em massa em uma fábrica subterrânea.

O comandante-em-chefe dos Guardiões, Mohamad Ali Yafari, disse que "esta cidade de produção de mísseis nas profundezas da terra é uma resposta aos disparates dos ocidentais, que acreditam que com as sanções e as ameaças podem nos limitar".

Estas declarações parecem uma resposta depois que a União Europeia expressou sua "séria preocupação" com os sistemas de mísseis do Irã e pediu que Teerã cessasse estas atividades.

Segundo o general Delshad, "esses mísseis são dissuasórios", mas alertou: "Quando as ameaças aumentam, a nossa capacidade defensiva também aumenta". EFE