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Parlamento venezuelano designa junta para controlar indústria petrolífera

13/02/2019 18h40

Caracas, 13 fev (EFE).- A Assembleia Nacional da Venezuela, dominada pela oposição, designou nesta quarta-feira uma junta administrativa para controlar a indústria petrolífera do país, assim como a empresa estatal PDVSA e sua filial nos Estados Unidos, CITGO.

A decisão do Legislativo foi aprovada pela maioria opositora da Câmara, após ser apresentado um relatório da Comissão de Energia e Petróleo a cargo do deputado Elías Matta.

Com esta medida, Simón Antúnez, Gustavo J. Velásquez, David Smolansky, Carlos José Balza e Ricardo Alfredo Prada passam a integrar a junta diretiva da PDVSA, uma empresa golpeada por uma crise de produtividade e investigações de corrupção.

Por sua vez, a especialista Luisa Palacios liderará a direção da PDV Holding Inc., companhia proprietária da CITGO.

Édgar Rincón, Oswaldo Núñez, Fernando Vera, Elio Tortolera e Andrés Padilla acompanharão Palacios na tarefa.

A CITGO é considerada a sétima maior refinaria dos Estados Unidos, com capacidade para processar 750.000 barris por dia do petróleo pesado e extrapesado produzido pela PDVSA. A estimativa é que controle 4% do mercado americano.

O parlamento também designou Palacios e Rincón à frente da CITGO Holding Inc., assim como Ángel Olmeta, Oswaldo Núñez, Javier Troconis e Rick Esser.

Não foram divulgadas informações sobre como foi realizado o processo de seleção. Tampouco foram fornecidos detalhes sobre a experiência dos designados.

De acordo com os opositores, esta decisão permite "a proteção de ativos da empresa CITGO" diante das arbitragens que a Venezuela enfrenta pelo descumprimento de algumas milionárias obrigações.

Sobre a indústria petrolífera venezuelana pesa uma bateria de sanções do governo do presidente americano, Donald Trump, que serão suspensas de forma automática caso o governante venezuelano, Nicolás Maduro, abandone a presidência.

Diante dessa situação, o parlamento faculta à recém renomada junta da CITGO a localização no mercado de "petróleo pesado alternativo ao menor custo possível", em vista da impossibilidade da PDVSA de fornecê-lo.

Maduro disse na semana passada que as sanções são uma tentativa dos Estados Unidos de desapropriar a CITGO da Venezuela, ao mesmo tempo em que ameaçou perseguir juridicamente "toda pessoa que aceite nomeações ilegais que usurpem cargos na PDVSA ou na CITGO".

Estas ações fazem parte da ofensiva opositora para debilitar Maduro e forçá-lo a abandonar o poder, que exerce desde 2013 e que, segundo considera o antichavismo, "usurpa" desde o último mês de janeiro, quando assumiu um novo mandato de seis anos que não é reconhecido por boa parte da comunidade internacional.

O líder chavista venceu com folga os pleitos de maio do ano passado, dos quais não participou o grosso da oposição por considerá-los fraudulentos.

Por isso, os opositores assinalam que o novo mandato de Maduro é ilegítimo e que as competências do Executivo recaem no líder do parlamento, Juan Guaidó.

Guaidó, por sua parte, classificou como "histórico" o acordo que designa as novas direções, uma vez que protegerá "cada ativo em desenvolvimento da Venezuela".

Contudo, a Assembleia Nacional foi declarada em "desacato" pela Suprema Corte há três anos, e desde então suas decisões não são levadas em conta pelo Executivo e outras instituições do poder na Venezuela. EFE