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Ex-vice-presidente da Catalunha nega crimes e afirma ser preso político

14/02/2019 10h34

Madri, 14 fev (EFE).- O ex-vice-presidente da comunidade autônoma da Catalunha, Oriol Junqueras, negou nesta quinta-feira ter cometido qualquer crime no processo independentista de 2017, considerado inconstitucional pela Justiça da Espanha, afirmou que é perseguido judicialmente por suas ideias políticas e disse que se considera um "preso político".

O Tribunal Supremo espanhol retomou hoje em Madri o julgamento de 12 líderes independentistas catalães com o depoimento de Junqueras, o principal acusado, que cumpre prisão preventiva e enfrenta pedidos de penas de prisão pelos crimes de rebelião, insurreição e desvio de recursos públicos.

Junqueras não quis responder às perguntas da acusação, formuladas por Ministério Público, Advocacia do Estado e o partido político de extrema-direita Vox, e anunciou que só responderia às perguntas de seus advogados.

O político catalão argumentou que se sente "indefeso", porque é acusado por suas ideias e não por fatos.

"Votar não é um crime porque não está no Código Penal (espanhol)", mas "impedi-lo pela força, isto sim é", disse Junqueras sobre o referendo de "autodeterminação" de 1º de outubro de 2017, que as forças de segurança tentaram evitar por ordem judicial.

Junqueras defendeu que seu partido (ERC, esquerda republicana) busca a independência por meios "exclusivamente pacíficos" há décadas e "nunca, jamais" planejou usar a violência como meio para alcançá-la.

Em qualquer caso, o político ressaltou que "seguirá tentando" a "autodeterminação" da Catalunha como "princípio democrático", seja qual for o resultado do processo judicial, que ele considera um "julgamento político".

"Somos favoráveis à independência de nosso país (Catalunha) e o melhor modo de encarnar estes valores é ser favorável a uma república catalã", acrescentou Junqueras.

"Nada do que fizemos é um crime", reiterou. "Votar em um referendo não é crime e trabalhar pela independência da Catalunha não é crime".

O governo regional da Catalunha que era presidido por Carles Puigdemont, que é considerado foragido pela Justiça espanhola, com Junqueras como vice-presidente, assinou a convocação do referendo de "autodeterminação" logo depois que o parlamento regional, de maioria independentista, aprovou uma lei catalã de consultas públicas que foi declarada inconstitucional. EFE