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Gaza comemora São Valentim, apesar da difícil situação econômica

14/02/2019 19h13

Saud Abu Ramadan.

Gaza, 14 fev (EFE).- Gaza comemorou nesta quinta-feira o Dia de São Valentim com lojas e floriculturas da capital palestina cheias ursinhos e flores, mas com a atividade comercial limitada, refletindo a difícil situação econômica.

"As pessoas relutam em fazer compras para celebrar o dia por causa da deterioração das condições econômicas, o que obrigou muita gente a reconsiderar os hábitos de consumo", disse à Agência Efe Jawad al Khaldi, proprietário de uma loja de presentes.

O comerciante, que há 18 anos vende flores e todo tipo de lembrancinha para o dia do amor, acrescentou que a falta de clientes durante o dia, o pior dos últimos tempos, afetou negativamente muitos estabelecimentos que fizeram grandes investimentos para a data.

Para Hanan Mahmoud, de 28 anos e que olhava alguns artigos na loja de Khaldi, o São Valentim está se tornando cada vez mais popular, mas a situação econômica é um obstáculo para muitas pessoas que querem celebrá-lo.

Gaza é governada na prática pelo Hamas desde 2007, quando Israel impôs um grande bloqueio por terra, mar e ar. A medida, de acordo com muitas organizações humanitárias, representa uma forte deterioração econômica e humanitária para a região.

O Escritório Central de Estatísticas da Palestina alertou ontem que a taxa de desemprego na Faixa de Gaza chegou a 52% em 2018.

Hoje mais cedo, um comitê contrário ao bloqueio advertiu, em nota, que o embargo "prejudicou seriamente 80% das indústrias de Gaza", agravando "o lento movimento de compras, a falta de liquidez financeira e a crescente taxa de desemprego". Atualmente, o salário médio diário é de apenas US$ 2 (R$ 7), e 8 5% de população vive abaixo da linha de pobreza.

São Valentim, uma comemoração que não é tradicional na cultura islâmica, se popularizou na década de 90 em Gaza, com o regresso de muitos exilados palestinos após a assinatura dos Acordos de paz de Oslo com Israel, mas, de acordo com vários comerciantes, o dia de hoje foi o mais fraco dos últimos anos.

A tensão na Faixa de Gaza é grande desde março do ano passado, quando começaram os protestos da Grande Marcha do Retorno, que acontecem toda sexta-feira perto da cerca de separação de Gaza e Israel.

Desde o início desta mobilização - que pede o fim do bloqueio israelense e a volta dos refugiados - mais de 250 palestinos morreram em ações israelenses, segundo o Ministério de Saúde da Palestina, assim como um soldado israelense na fronteira e outro em uma operação secreta do Exército. Além disso, foram registrados sete picos de violência, com o lançamento de projéteis de Gaza e bombardeios israelenses de resposta, contidos por frágeis tréguas. EFE