Buhari busca reeleição na Nigéria em duelo de septuagenários
Paul Okolo.
Abuja, 15 fev (EFE).- Maior democracia da África e com uma população muito jovem, a Nigéria terá neste sábado eleições gerais com dois septuagenários como protagonistas: o presidente Muhammadu Buhari, que tenta a reeleição, e o opositor Atiku Abubakar.
No país, onde 51% dos habitantes têm entre 18 e 35 anos, Buhari e Abubakar, os dois principais candidatos à Presidência, são duas personalidades muito conhecidas na política nacional.
Buhari, do Congresso de Todos os Progressistas (APC), e Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP), acumulam, juntos, nove tentativas de chegar à chefia do governo: será a quinta vez para Buhari, de 76 anos, e a quarta para Abubakar, de 72.
O presidente é um ex-general que já liderou o país entre dezembro de 1983 e agosto de 1985 após um golpe de Estado, e que se orgulha de levantar a bandeira anticorrupção.
Abubakar, por sua vez, é um rico homem de negócios que foi vice-presidente do país (de 1999 a 2007) e sobre o qual pesam acusações de corrupção, além de ter passado por vários partidos políticos, incluindo os dois principais.
Ambos concorrem também contra 71 candidatos, entre os quais estava, até desistir da corrida eleitoral, há algumas semanas, Oby Ezekwesili, co-fundadora do movimento "Bring Back Our Girls" ("Devolvam as nossas meninas") de libertação das mais de 100 jovens sequestradas pelo grupo jihadista Boko Haram em 2014 em Chibok.
Mas, com um sistema eleitoral no qual um candidato só precisa de uma maioria simples de 25% dos votos em pelo menos dois terços dos 36 estados da Nigéria, é muito difícil que o próximo presidente não seja um destes dois septuagenários, que governarão durante quatro anos um país no qual a idade média da população é de 18 anos.
A vitória de Buhari nas eleições de 2015 representou a chegada ao poder do APC após 16 anos de presidentes do PDP e a primeira vez que um chefe de Estado que concorria à reeleição - no caso, Goodluck Jonathan - aceitou uma derrota eleitoral, algo pouco habitual na maioria dos países africanos.
O APC conseguiu romper então o monopólio de poder do PDP, ao qual teve acesso em 1999 com o ex-presidente Olusegun Obasanjo e após décadas de governos militares, entre eles o de Buhari.
Após quatro anos no governo, Buhari viu a economia do país continuar mal após uma forte recessão em 2015. A luta contra a corrupção - uma de suas bandeiras - e a ameaça do Boko Haram no nordeste do país, ainda uma realidade, são problemas que ele prometeu resolver ao chegar ao poder.
A Nigéria, país mais populoso do continente africano, com quase 200 milhões de habitantes, é uma nação de contrastes - o norte, muçulmano; e o sul principalmente cristão - e diferenças, com mais de 200 grupos étnicos.
Segundo a tradição, o poder se alterna entre candidatos procedentes do norte e do sul. Desta vez, no entanto, os dois principais concorrentes são muçulmanos, do norte e pertencentes à etnia fulani, que se dedica sobretudo ao pastoreio e que no último ano protagonizou muitos incidentes violentos no centro-norte do país por conflitos de terra com agricultores cristãos que vivem nesses territórios.
A promessa de Abubakar de reestruturar o país chamou a atenção dos que veem com bons olhos um federalismo real que consiga diminuir o poder que tem agora o governo central dentro dos estados.
Esta proposta permitiria às regiões traçar seu próprio caminho de crescimento e usar seus recursos sem depender do financiamento do governo central, o que poderia beneficiar muito regiões como o Delta do Níger, rico em petróleo.
Outras promessas do partido opositor, como reavivar a maior economia da África, revisar o sistema educacional, criar milhões de empregos - o desemprego ronda 23% no terceiro quadrimestre de 2018 - ou privatizar companhias estatais criam dúvidas devido ao pobre legado do PDP durante seus anos no poder.
"Não fizeram nada desde 1999 e só desperdiçaram grandes quantias de dinheiro", disse à Efe Lanre Ali, um estudante de Abuja que critica o PDP e acredita que Buhari "merece outro mandato para terminar seu trabalho".
As votações acontecem a meio caminho entre a esperança de que um processo crível reforce a democracia na Nigéria e o medo de que um pleito fraudulento provoque um novo ciclo de instabilidade política.
Se a população, especialmente em redutos dos candidatos, perceber alguma fraude, a possibilidade de protestos violentos, como os de eleições anteriores, é muito alta.
Estados Unidos e Reino Unido já ameaçaram com sanções quem instigar a violência ou minar o processo eleitoral, no qual serão eleitos o presidente do país e os deputados da Assembleia Nacional. EFE
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