"Eterno candidato", Abubakar concorre sob suspeita de enriquecer ilicitamente
Paul Okolo
Abuja, 15 fev (EFE).- O ex-vice-presidente Atiku Abubakar concorrerá pela quarta vez à presidência da Nigéria nas eleições gerais deste sábado, apesar das suspeitas de ter enriquecido através de atos de corrupção.
Abubakar, de 72 anos, é o candidato do Partido Democrático Popular (PDP), o maior da oposição, e é o principal concorrente do presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, que tentará a reeleição para um segundo mandato.
No início deste mês, a Unidade de Inteligência da revista britânica "The Economist" informou que Abubakar ganharia as eleições, mas informava que sua "esperada margem de vitória está diminuindo à medida em que a votação se aproxima".
Se for cumprido esse prognóstico, o candidato do PDP poderia falar que foi derrotado pela quarta vez.
Abubakar disputou as eleições primárias do Partido Social Democratica (SDP) em 1992, e no ano seguinte Moshood Abiola ganhou o pleito geral, posteriormente cancelado e que levou o país a uma grave crise política.
Longe de seu grande sonho de chegar à chefia do governo, Abubakar exerceu o papel de vice-presidente de 1999 a 2007 no governo de Olusegun Obasanjo, com quem manteve uma relação de altos e baixos.
Em 2007, Abubakar voltou a ser candidato presidencial, pelo Congresso de Ação (AC), mas foi vencido por Umaru Musa Yar'Adua na que foi chamada de "a pior eleição" da Nigéria.
Esse novo fracasso não desanimou o ex-vice-presidente, que se apresentou às primárias do PDP para a candidatura às eleições gerais de 2011. Na ocasião, foi vencido por Goodluck Jonathan, que mais tarde também levou a melhor nas urnas.
Em 2014, Abubakar deixou o PDP para se unir ao hoje governista Congresso de Todos os Progressistas (APC), liderado por Buhari, mas retornou ao antigo partido em 2017.
Nascido em 1946 na cidade de Jada, no estado de Adamawa, em uma família muçulmana da etnia fulani, Abubakar se formou em Direito pela Universidade Ahmadu Bello e, em 1969, ingressou como funcionário no Serviço de Alfândegas da Nigéria, onde trabalhou durante 20 anos.
De forma paralela, entrou no mundo dos negócios no setor imobiliário e na agricultura, mas conseguiu poder e influência ao ascender ao serviço alfandegário.
Em 1984, foi acusado de permitir que um líder tradicional do norte da Nigéria passasse pelo aeroporto de Lagos com malas cheias de dinheiro, sem nenhum controle.
As acusações de conflitos de interesse sempre o perseguiram no serviço alfandegário e, sobretudo, durante seu mandato como vice-presidente, quando críticos o acusaram de ter obtido sua riqueza, calculada em US$ 1,4 bilhão, segundo a revista Forbes.
Em 2005, uma mansão de Abubakar nos arredores de Washington, nos Estados Unidos, foi alvo de uma operação do FBI por conta de uma investigação de pagamento de propinas que envolvia o congressista americano William Jefferson.
As suspeitas de corrupção, que ele nega, não o impediram de prometer na campanha que, se ganhar as eleições, poderia dar anistia a supostos corruptos a fim de recuperar milhões de dólares levados ao exterior por políticos.
"Considerarei uma anistia para saqueadores", afirmou o candidato presidencial em um ato de campanha.
Entre suas promessas eleitorais também se destacam a revitalização da maior economia da África, a privatização de empresas estatais, um programa nacional de formação de jovens e o retorno da paz ao nordeste do país, abalado pelo terrorismo do grupo jihadista Boko Haram.
Abubakar, que tem quatro esposas e é pai de 28 filhos, ganhou a simpatia de muitos eleitores graças a suas obras filantrópicas, como a fundação da Universidade Americana da Nigéria em seu estado natal. EFE
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