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Embaixador da Somália no Quênia é expulso por disputa territorial

17/02/2019 10h37

Nairóbi, 17 fev (EFE).- O embaixador do Somália no Quênia, Mohamoud Ahmed Nur, aterrissou neste domingo no Aeroporto Internacional Aden Abdulle de Mogadíscio após ser expulso pelo Governo queniano por uma disputa territorial marítima entre ambas as nações.

O Governo do Quênia, que também chamou seu embaixador na Somália para consultas, Lucas Tumbo, alega que a Somália leiloou em Londres reservas petrolíferas localizadas em uma zona em disputa que delimita a fronteira marítima entre o Quênia e a Somália.

"Esta afronta incomparável e a apropriação ilegal dos recursos do Quênia não ficarão sem resposta e equivale a um ato de agressão contra os cidadãos do Quênia e seus recursos", expressou no final da noite de ontem o Ministério de Relações Exteriores queniano em comunicado.

A Somália, por sua parte, nega ter realizado leilão de reservas de gás ou petróleo em território queniano e, segundo veículos de imprensa do país, tanto o presidente Mohammed Abdullahi Mohammed, como o primeiro-ministro Hassan Ali Khayre, se reuniram para debater como enfrentar esta crise diplomática.

"Isto não tem nada a ver com a conferência de leilões da Somália em Londres. É mais uma estratégia preventiva para obrigar o Governo a iniciar negociações sobre o litígio marítimo com o Quênia ou influenciar na sentença da Corte Internacional", denunciou o parlamentar somali Abdirizak Mohammed via Twitter.

Os dois Estados reivindicam aproximadamente 62 mil milhas quadradas de Oceano Índico, na altura do Chifre da África, ricas em depósitos de petróleo e gás.

Em fevereiro de 2017, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) se declarou competente para julgar este caso, depois de rejeitar as objeções preliminares apresentadas pelo Quênia, mas ainda não informou a decisão.

Assim, os magistrados aprovaram a solicitação da Somália, feita em 2014, para que fosse o principal órgão judicial da ONU que delimitasse a fronteira marítima entre ambos Estados.

Segundo o Quênia, esta divisão deve ser traçada como uma linha paralela ao Equador, como foi a fronteira marítima anglo-italiana durante a época colonial.

Por sua vez, a Somália diz que os limites marítimos deveriam seguir uma linha reta com relação à fronteira terrestre, o que lhe daria acesso a uma zona marítima hoje controlada pelo Quênia. EFE