Irã critica EUA por pedir que Europa abandone acordo nuclear
Munique (Alemanha), 17 fev (EFE).- O ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohamad Yavad Zarif, criticou neste domingo os EUA por pedir à Europa que siga seus passos e deixe o acordo nuclear com o Irã, e argumentou que Washington quer uma mudança de governo em Teerã em discurso na Conferência de Segurança de Munique (MSC).
Zarif tachou de "arrogante" e guiado pelo ódio o discurso do vice-presidente dos EUA, Mike Pence.
Na sua opinião, a saída dos EUA do JCPOA, as sigla em inglês do acordo nuclear, foi "ilegal e unilateral" e esteve guiada por uma "fixação insana" e uma "obsessão patológica dos EUA com o Irã" que se remonta à revolução islâmica de 1979.
Além disso, foi um instrumento a mais para o objetivo final dos EUA no Irã e sua estratégia para o Oriente Médio, segundo Zarif.
"Acredito que os EUA não estão fazendo outra coisa do que buscar a mudança de governo", afirmou.
Em troca, garantiu que seu país "aprecia" o grande "esforço" da Europa para manter com vida o acordo após a saída de Washington, que impôs sanções ao Irã, e aplaudiu que estejam cumprindo, apesar das dificuldades, com as obrigações do JCPOA.
No entanto, apontou que a Europa "não está preparada para o investimento, para pagar o preço" que implica em se manter firme na defesa do acordo.
"O Irã não pode assumir toda a conta do acordo. A Europa tem que se molhar se quiser nadar contra o unilateralismo dos EUA", afirmou Zarif, que advertiu que "um abusador abusará cada vez mais ".
Sobre o JCPOA, destacou que o mesmo foi baseado em concessões e que é "o melhor que se podia alcançar entre seis potências mundiais, a União Europeia e um país que quer se manter de pé pelos seus próprios meios".
Zarif afirmou que o que o Irã deseja é uma "região forte" na qual não exista aspirações "hegemônicas de dentro", em referência à Arábia Saudita, "e de fora", sobre os EUA.
O ministro criticou, além disso, os duplos padrões que segundo sua opinião a comunidade internacional usa contra o Irã e que não acontece com outros países da região, como Israel e Arábia Saudita.EFE
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