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Sete trabalhistas deixam partido em protesto por liderança de Corbyn

18/02/2019 09h05

Londres, 18 fev (EFE).- Sete deputados do Partido Trabalhista do Reino Unido anunciaram nesta segunda-feira que deixam a formação de oposição por divergências com a liderança de Jeremy Corbyn.

Em uma primeira reação, o líder social-democrata expressou sua decepção com os fatos.

"Estou decepcionado por que estes parlamentares foram incapazes de seguir trabalhando juntos pelas políticas trabalhistas que inspiraram milhões desde as últimas eleições e que viram o partido aumentar sua porcentagem (de votos) ao seu maior nível desde 1945", disse Corbyn após conhecer a notícia.

Na entrevista coletiva com seus colegas, a deputada Luciana Berger disse que ela pessoalmente deixa o partido por considerá-lo "institucionalmente antissemita", devido à fraqueza do líder ao abordar esse tipo de incidentes em nível interno.

Os outros demissionários, críticos com Corbyn há muito tempo e que compareceram para expôr suas razões a título pessoal, são Chuka Umunna, Mike Gapes, Ann Coffey, Chris Leslie, Gavin Shuker e Angela Smith.

Além do assunto do antissemitismo, muitos destes parlamentares expressaram o desacordo com a estratégia da liderança trabalhista para a saída da União Europeia (UE) e alguns o reprovaram por não promover um segundo referendo.

No congresso anual, o Partido Trabalhista decidiu por maioria que, diante do fracasso do Governo nas negociações do "brexit", primeiro trataria de promover eleições gerais e em última instância apoiaria uma segunda consulta.

Na declaração, Berger anunciou que este grupo de demissionários manterá suas cadeiras na Câmara dos Comum e passará agora a ser "independente".

Durante o fim de semana, o deputado Stephen Kinnock, também crítico com Corbyn, pediu aos colegas dissidentes a "lutar desde dentro" para modificar a estratégia política.

O líder adjunto, Tom Watson, tratou igualmente de convencer estes deputados a fim de manter a formação, que atualmente tem 256 cadeiras - frente às 317 dos conservadores -, "viável eleitoralmente".

O porta-voz trabalhista de Economia, John McDonnell, principal aliado de Corbyn, disse que "não há necessidade de ninguém sair" e lembrou que a opção de um segundo referendo "continua sobre a mesa e pode ocorrer".

Veterano deputado de esquerda, Corbyn chegou à liderança trabalhista em 2015 ao ganhar contra todas as previsão as eleições internas, levantado pelas bases, mas com a oposição de boa parte do grupo parlamentar.

Sob sua liderança, o Partido Trabalhista virou à esquerda, com uma política contra a austeridade e pela nacionalização de serviços públicos, se mostrou ambíguo sobre o "brexit" e elevou o número de filiados a mais de meio milhão, a maior formação europeia. EFE