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Congregações católicas pedem perdão e prometem maior atenção diante de abusos

19/02/2019 09h51

Cidade do Vaticano, 19 fev (EFE).- As congregações e ordens católicas masculinas e femininas emitiram nesta terça-feira um comunicado conjunto no qual prometem "fazer todo o possível para escutar melhor os sobreviventes" e implementar as diretrizes que serão discutidas no encontro sobre abusos que começará daqui a dois dias no Vaticano.

Antes desta histórica reunião que contará com a participação hierarquia eclesiástica e outros representantes da Igreja, as associações que agrupam as Superioras e Superiores de todo o mundo (UISG e USG) reconheceram "humildemente" que "nem sempre" atuaram corretamente nos casos de abusos.

"Abaixamos as nossas cabeças com vergonha ao nos darmos conta de que este abuso aconteceu nas nossas Congregações e Ordens, e na nossa Igreja. Aprendemos que os que abusam ocultam deliberadamente suas ações e são manipuladores", escrevem.

E acrescentam: "Nossa vergonha aumenta ao constatar que não nos demos conta do que estava acontecendo" e que "a resposta das pessoas em autoridade não foi a que deveria ter sido. Não souberam ver os sinais de alarme e não as levaram a sério".

A respeito desta reunião, consideram que pode servir para "iniciar importantes processos e criar estruturas de prestação de contas, assim como sustentar os processos e estruturas que já existem".

"Da nossa parte, prometemos fazer tudo o que está nas nossas mãos para escutar melhor os sobreviventes, reconhecendo humildemente que nem sempre o fizemos", acrescentam.

Também prometem implementar "tudo o que durante o encontro for decidido em relação à prestação de contas exigida às pessoas em autoridade".

Para os responsáveis das ordens e congregações, é necessário "uma cultura diversa na Igreja e na nossa sociedade em sentido amplo", na qual as crianças sejam consideradas como "um tesouro que é preciso preservar e proteger".

As congregações também afirmam que integrarão a proteção de menores e adultos vulneráveis nos programas de formação e que desenvolverão programas especiais para acompanhar qualquer pessoa, vítima de abusos, que deseja encontrar ajuda.

Admitem que o clericalismo que existe nos seus centros "deu lugar a uma lealdade injustificada, a erros no julgamento, à lentidão na hora de atuar, à negação dos fatos e às vezes ao ato de encobri-los".

"Nós nos sentimos necessitados de conversão e queremos mudar. Queremos atuar com humildade. Queremos identificar nossos pontos cegos. Queremos denunciar qualquer abuso de poder. Nós nos comprometemos a caminhar com aqueles a quem servimos, avançando com transparência e confiança, honestidade e sincero arrependimento", assinalam. EFE