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Mulher que se juntou ao EI garante que é americana e processa governo

22/02/2019 16h13

Washington, 22 fev (EFE).- Hoda Muthana, uma mulher nascida em Nova Jersey que deixou os Estados Unidos em 2014 para se juntar ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI), defendeu nesta sexta-feira que é americana depois que o governo anunciou na última quarta-feira que não aceitará seu retorno ao país, o que levou sua família a processar o governo americano.

"Sei que, de fato, eu era uma cidadã", disse Muthana na Síria em entrevista à emissora "NBC" que será exibida esta noite, e que teve trechos adiantados pelo canal. Além disso, a mulher explicou que não teve "problemas" quando solicitou a renovação de seu passaporte pouco antes de partir do Alabama para o país árabe.

A mulher, que atualmente está junto de seu filho de 18 meses em um acampamento de refugiados na Síria, anunciou no início desta semana - em entrevista ao jornal "The Guardian" - sua intenção de retornar aos EUA apesar de saber que deverá cumprir pena na prisão.

Diante dessas declarações, há dois dias o presidente Donald Trump deu instruções ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, para que impedisse Muthana de "voltar ao país".

O próprio Pompeo emitiu então um comunicado no qual garantiu que a solicitação de retorno da mulher "não tem nenhum fundamento legal, nem nenhum passaporte válido dos EUA, nem nenhum direito a um passaporte, nem visto para viajar para os EUA".

O pai da jovem, Ahmed Ali Muthana, discorda deste argumento, por isso apresentou na quinta-feira um processo contra o governo alegando que a cidadania americana é um direito constitucional que não pode ser revogado unilateralmente.

Ahmed Ali Muthana chegou aos EUA como representante diplomático do Iêmen nas Nações Unidas, o que privaria sua filha de obter a nacionalidade americana apesar de ter nascido no país.

Os acordos internacionais estabelecem que os filhos dos diplomatas, por não estarem submetidos à jurisdição local, devem receber a nacionalidade de seu progenitor.

No entanto, no processo a família alega que Hoda nasceu três meses depois que Ahmed Ali deixou seu posto nas Nações Unidas e, portanto, já não ostentava a categoria de diplomata.

O processo, que foi apresentado com o apoio da organização Centro de Direito Constitucional para Muçulmanos dos EUA, apresenta como prova a documentação apresentada para obter o primeiro passaporte da jovem.

A organização afirma que quando Hoda anunciou nas redes sociais que tinha deixado o país para se transferir ao califado autoproclamado pelo EI na Síria e no Iraque, seu pai recebeu uma carta do governo informando que o passaporte de sua filha tinha sido cancelado.

O pai recorreu da decisão oficial, mas, segundo ele mesmo alega, nunca obteve uma resposta.

Há meses o governo dos EUA está pressionando a comunidade internacional para que cada país assuma a responsabilidade por seus cidadãos que viajaram à Síria para se juntar à luta jihadista. EFE