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ONU confirma morte de 8 civis por projétil em Hodeida apesar de trégua

22/02/2019 13h14

Saná, 22 fev (EFE).- A ONU confirmou nesta sexta-feira a morte de oito civis em um ataque cometido no último dia 19 de fevereiro em um distrito da província de Hodeida, apesar da vigência de uma trégua entre as partes beligerantes e um acordo de retirada das suas tropas do estratégico porto.

Um projétil de artilharia impactou no mercado de Al Azib, situado no distrito de Al at Tuhaytat, pertencente à província de Hodeida, controlada pelos rebeldes xiitas houthis, no dia 19 de fevereiro, sem confirmar sua origem, segundo um comunicado do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

"Estes ataques são inconcebíveis", afirmou a coordenadora humanitária da ONU para o Iêmen, Lise Grande, que acrescentou que "o país enfrenta a pior crise de segurança alimentar do mundo e, no entanto, os assassinatos continuam".

Parceiros da ONU confirmaram que entre 1º de janeiro e 14 de fevereiro morreram 96 civis em todo o Iêmen.

Os insurgentes e o governo iemenita fecharam em dezembro do ano passado na Suécia um pacto no qual se estabeleceu um cessar-fogo em Hodeida e um compromisso para que todos os combatentes se retirem do estratégico porto e o deixem em poder de forças locais.

O enviado das Nações Unidas para o conflito, Martin Griffiths, obteve em dezembro na Suécia, sede das primeiras negociações de paz desde 2016, um primeiro compromisso das partes para estabelecer uma trégua em Hodeida e, depois, uma retirada de todas as tropas deste porto estratégico.

No entanto, essa retirada não se materializou até agora, com as duas partes acusando-se durante semanas de descumprir o pactuado.

Hodeida, controlada pelos houthis, é uma província situada no oeste do Iêmen e às margens do mar Vermelho, que está assediada pelas forças iemenitas e emiratenses desde junho do ano passado e que constitui a principal via de entrada de comida e outros produtos básicos para boa parte do país.

O conflito armado no Iêmen começou em 2014, quando os rebeldes houthis, respaldados pelo Irã, ocuparam a capital Saná e outras províncias do país.

A disputa se agravou em 2015 com a intervenção da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita e integrada por países sunitas a favor das forças leais ao presidente Abd Rabbuh Mansur al Hadi.

A guerra causou a maior crise humanitária no mundo todo, segundo a ONU, com 80% da população (24 milhões de pessoas) necessitada de assistência e proteção. EFE