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Militares venezuelanos desertam na fronteira com o Brasil

24/02/2019 20h03

(Atualiza com deserção de terceiro agente).

Pacaraima (RR), 24 fev (EFE).- Três agentes venezuelanos, entre eles dois sargentos da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), desertaram na fronteira entre a Venezuela e o Brasil, onde ocorreram graves incidentes entre as autoridades venezuelanas e manifestantes antichavistas, após a tentativa fracassada de levar ajuda humanitária ao país.

Os sargentos estão sendo tratados como refugiados no Brasil, segundo confirmaram neste domingo à Agência Efe fontes do exército brasileiro, que mais tarde informaram a chegada de um terceiro agente, embora sem especificar sua patente.

Os dois primeiros estão em um abrigo da denominada "Operação Acolhida" em Pacaraima, que é a única passagem terrestre formal entre o Brasil e a Venezuela.

Os três se somam aos cerca de 60 militares que, segundo as autoridades colombianas, também desertaram ontem e pediram refúgio no país andino.

A "Operação Acolhida" é uma iniciativa que o governo brasileiro implementou no ano passado para receber os milhares de venezuelanos que fugiam da crise política, econômica e social em seu país, é coordenada pelo exército e conta com a colaboração de organizações internacionais.

O governo do presidente Jair Bolsonaro tentou levar ontem uma primeira remessa de ajuda humanitária para a Venezuela, mas fracassou na tentativa diante do bloqueio das forças de segurança venezuelanas, que cumpriam a ordem do governo de Nicolás Maduro de manter fechada a fronteira entre os dois países.

Duas caminhonetes grandes, carregadas com alimentos e remédios doados por Brasil e Estados Unidos, viajaram ontem de Boa Vista até Pacaraima, que fica a cerca de 220 quilômetros de distância da capital de Roraima.

Devido ao bloqueio das autoridades venezuelanas, os veículos estacionaram no meio de uma região considerada neutra, a aproximadamente 300 metros de distância do posto de controle fronteiriço venezuelano, onde permaneceram paradas durante algumas horas antes de retornarem a Pacaraima.

Logo depois, um grupo de manifestantes antichavistas começou a atirar pedras e coquetéis molotov contra uma guarnição da GNB, o que provocou a reação dos agentes com o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo.

Episódios mais graves ocorreram no lado venezuelano da fronteira, onde a oposição fala de ao menos 14 mortos e mais de 20 feridos por disparos de arma de fogo na cidade de Santa Elena de Uairén, no estado de Bolívar, que faz divisa com o Brasil.

Por outro lado, na fronteira com a Colômbia calcula-se que os confrontos entre as forças de segurança venezuelanas e manifestantes deixaram pelo menos 285 feridos. EFE