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Oposição venezuelana diz que cidade na fronteira com o Brasil está "sitiada"

24/02/2019 20h36

Caracas, 24 fev (EFE).- A oposição venezuelana informou neste domingo que a população de Santa Elena de Uairén, cidade fronteiriça com o Brasil, está "sitiada" por "paramilitares" por conta dos confrontos ocorridos ontem entre comunidades indígenas e militares para que fosse permitida a entrada de ajuda humanitária na Venezuela.

"Santa Elena de Uairén não somente é longe geograficamente, mas a comunicação é complicada e a cidade está sitiada. Eu quero que isso fique muito claro, está sitiada, a região aborígine, nossas terras ancestrais da população pemón hoje estão sitiadas", disse o deputado Miguel Pizarro em entrevista coletiva.

Pizarro, que também é presidente da comissão parlamentar para a ajuda humanitária solicitada pela oposição devido à escassez de remédios e alimentos, disse isso em face dos incidentes ocorridos nos últimos dois dias e pelos quais afirma ter relatos que dão conta de "14 a 25 assassinados na população pemón".

Nesse sentido, o deputado afirmou que o governo do presidente Nicolás Maduro "massacra o povo indígena" e os que "têm menos".

No entanto, disse que até que não tenha a informação completa dada pelos próprios indígenas, não se pode confirmar o número de mortos.

Na sexta-feira e no sábado houve confrontos entre indígenas do sul da Venezuela e a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), que por ordens do governo de Maduro fechou a fronteira para impedir a entrada da ajuda humanitária.

Esses enfrentamentos ocorreram em paralelo aos que aconteceram na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia, que também se encontra fechada e por onde também era esperada a passagem de ajuda humanitária.

Embora a situação seja tensa, não há informações sobre mortos nesse lado da fronteira da Venezuela.

A ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS) afirmou em um relatório preliminar publicado hoje que tem a confirmação de três mortes "por ferimentos de bala".

Ainda segundo a OVCS, no sábado, quando também houve manifestações em todo o país para apoiar a entrada das doações dos Estados Unidos e outros países, 295 pessoas ficaram feridas, "a maioria por armas de fogo, substâncias tóxicas e tratamentos cruéis, desumanos e degradantes".

A crise política venezuelana se agravou em janeiro, quando o chefe do Parlamento, Juan Guaidó, anunciou que assumia funções de presidente interino da Venezuela após não reconhecer o novo mandato de Maduro, eleito em uma votação considerada fraudulenta pela oposição. EFE