Vítimas de abusos apresentam plano que Igreja deveria adotar sobre abusos
Cidade do Vaticano, 25 fev (EFE).- O Projeto de Justiça Global contra Abusos Clericais (ECA) apresentou nesta segunda-feira um plano de ação contra padres pedófilos e bispos que acobertam e que deveria ser adotado diante da ausência de respostas concretas depois da cúpula realizada no Vaticano.
O plano é dividido nos três temas abordados no encontro: responsabilidade, prestação de contas e transparência. Entre as 21 medidas, a associação de vítimas exige que o religioso considerado culpado de abusar de menores seja "imediatamente expulso do cargo e do sacerdócio", da mesma forma que qualquer membro da Igreja que encubra.
O grupo também pede que toda a documentação seja enviada às autoridades civis e nunca seja destruída, assim como qualquer caso recebido sobre menores que sofreram abusos seja denunciado aos juízes.
Outra medida indicada é a de eliminar a imunidade para os diplomatas vaticanos possam ser julgados nos lugares onde cometeram os crimes. O ECA pede ainda o pagamento de indenização às vítimas feito por cada Conferência Episcopal.
No quesito transparência, o grupo exige a publicação de todos os registros e arquivos de religiosos que cometeram abusos, incluindo os já afastados ou falecidos. É solicitado também o fim do sigilo pontifício com relação a esses casos.
Um dos pontos exige que o papa Francisco seja transparente sobre a sua própria responsabilidade e que entregue às autoridades civis toda a documentação relativa ao seu papel (quando era arcebispo de Buenos Aires) em casos como os de Julio César Grassi e Nicola Corradi.
O ECA também pede transparência no caso do bispo argentino Gustavo Zanchetta, titular da diocese de Oran, na Argentina, até 2017 e que está sendo investigado pelo Vaticano depois de ser acusado de abusos sexuais. Zanchetta deixou a Argentina e foi para a Espanha, mas o pontífice o convidou para ocupar um posto na Administração do Patrimônio da Sede Apostólica, que administra bens e propriedades da Cúria Romana.
"Este é o plano de ação que o papa Francisco deveria ter apresentado ontem no seu discurso, em vez de falar de generalidades. São medidas de bom senso", argumentou à Agência Efe Miguel Hurtado, um dos integrantes do ECA.
Para Hurtado, a tolerância zero que a Igreja promete tem que começar com a expulsão imediata de quem abusou de uma criança. Segundo ele, algumas destas medidas foram apresentadas na reunião que eles tiveram com o comitê organizador da cúpula na quarta-feira passada e "nenhuma delas foi colocada no documento final do Vaticano (o discurso do papa)".
"O que o papa Francisco disse neste domingo não é diferente do que João Paulo II ou Bento XVI prometeram. Por que temos que acreditar que vai mudar agora?", questionou.
Sobre o pedido de tempo que o Vaticano fez para elaborar as propostas após a cúpula, Hurtado ponderou: "É preciso muito pouco tempo para abusar de uma criança". EFE
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