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Governo venezuelano justifica retenção de jornalistas no Palácio Miraflores

26/02/2019 03h19

Caracas, 26 fev (EFE).- O ministro da Comunicação e Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse na segunda-feira que o governo não se presta para "shows baratos", minutos depois da denúncia da retenção do jornalista Jorge Ramos e sua equipe da emissora "Univision" no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.

"(Por) Miraflores passaram centenas de jornalistas que receberam o tratamento decente que de forma habitual dividimos a quem vêm cumprir com o trabalho jornalístico, e publicaram o resultado desse trabalho. Não nos prestamos a shows baratos", disse Rodríguez no Twitter, sem mencionar a "Univision".

"No mesmo momento em que '@ABC' publica uma entrevista ao Presidente @NicolasMaduro, o Departamento de Estado (dos Estados Unidos) inventa um novo falso positivo com um show e uma montagem", indicou.

Ramos e sua equipe chegaram à Venezuela para entrevistar Maduro, mas, segundo o próprio jornalista, eles ficaram presos no palácio presidencial depois que o presidente ficou irritado com algumas perguntas e vídeos mostrados a ele.

Ao sair, os jornalistas da "Univision" foram escoltados pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) para o hotel onde estavam hospedados e serão deportados nas primeiras horas da manhã, disse o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP).

De acordo com o jornalista Enrique Acevedo, também da mesma emissora, o vídeo que Ramos mostrou a Maduro é o de alguns jovens comendo em um caminhão de lixo e dizendo que Maduro deve ser "afastado" do poder.

"Como lixo, lixo, primeira vez na minha vida. Presidente me desculpe, mas o senhor como presidente não serve", diz um homem identificado como Jesús, no vídeo partilhado por Acevedo em sua rede social.

O material da entrevista de Ramos foi confiscado pelo governo venezuelano, disse o próprio jornalista em entrevista à emissora após sair do palácio presidencial.

Não é a primeira vez que retenções de jornalistas ocorrem na Venezuela, no mês passado, aconteceram houve várias prisões de trabalhadores da imprensa, incluindo quatro da Agência Efe.

O SNTP contabilizou apenas em janeiro, 40 agressões por parte de agentes de segurança do Estado contra trabalhadores da imprensa.

O governo de Maduro constantemente assegura que a imprensa, especialmente a estrangeira, cria "campanhas midiáticas" contra ele e o acusa de mentir sobre a situação da crise na Venezuela.

Além disso, no país vários meios de comunicação, nacionais e internacionais, foram tirados do ar por ordem do governo chavista, especialmente quando são críticos com sua administração. EFE