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Paquistão adverte aos EUA que agressão indiana pode afetar paz no Afeganistão

26/02/2019 13h17

Islamabad, 26 fev (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mehmood Qureshi, advertiu nesta terça-feira ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, que o bombardeio realizado pela Índia durante a madrugada em seu território poderia afetar o processo de paz para pôr fim a 17 anos de conflito no Afeganistão.

"Os esforços para levar a paz ao Afeganistão poderiam ser afetados pela agressão indiana", disse Qureshi a Pompeo em uma conversa telefônica, segundo um comunicado do ministério paquistanês.

Além disso, o ministro afirmou que "espera que os EUA desempenhem um papel" na crise aberta pela operação militar indiana.

O governo da Índia anunciou que tinha bombardeado em solo paquistanês acampamentos do grupo insurgente Jaish-e-Mohammed (JeM), que reivindicou a autoria do atentado com bomba no qual morreram 42 policiais na Caxemira indiana em 14 de fevereiro.

Segundo a versão do governo indiano, morreram na operação "um grande número de terroristas do JeM, incluindo instrutores, comandantes de alta categoria e grupos de jihadistas que estavam sendo treinados para cometer ataques".

O Paquistão, no entanto, negou baixas e danos e só admitiu que houve uma breve incursão aérea em seu território e o lançamento de quatro bombas que caíram em espaços abertos.

Nos últimos meses, talibãs e representantes dos EUA mantiveram contatos nos Emirados Árabes Unidos e no Catar. Por enquanto, os insurgentes se recusam a negociar com o governo afegão e defenderam conversas apenas com Washington.

Hoje mesmo começou uma nova rodada de conversas entre os Estados Unidos e os talibãs no Catar.

Antes desse encontro, os talibãs tinham anunciado que se reuniriam no último dia 18 com uma delegação americana em Islamabad, mas cancelaram o encontro um dia antes argumentando que parte de sua equipe negociadora não poderia viajar para o Paquistão pois os mesmos estão incluídos na lista "negra" dos Estados Unidos e da ONU.

O Paquistão já tinha acolhido em 2015 uma reunião entre o governo afegão e os talibãs, que não teve continuidade quando se revelou que o mulá Omar, fundador e líder talibã, tinha morrido em 2013.

Os Estados Unidos pressionaram o Paquistão durante os últimos anos para que exercesse pressão sobre os insurgentes pata levá-los à mesa de negociação. EFE