Ikea é processada em Israel por divulgar "catálogo kosher" sem mulheres
Jerusalém, 27 fev (EFE).- A rede de lojas sueca Ikea foi processada por discriminação de gênero após ter divulgado, durante um período de 2017, catálogos especiais para a comunidade ultra-ortodoxa judaica com imagens nas quais não apareciam nem mulheres e nem meninas, informou nesta quarta-feira o jornal israelense "Haaretz".
O processo foi apresentado ontem ao Tribunal de Distrito do Jerusalém por uma mulher ortodoxa que encontrou os catálogos na caixa do correio de sua casa e pelo Centro de Ação Religiosa de Israel.
Os litigantes pediram à Justiça israelense que atenda à reivindicação coletiva contra a filial israelense da Ikea, que no país opera sob concessão, e contra seu diretor, Shuki Koblenz.
Os envolvidos pediram que a empresa multinacional pague uma compensação de cerca de 363 euros para aproximadamente de 10 mil mulheres ultra-ortodoxas que, segundo calculam os litigantes, viram sua sensibilidade ferida pela distribuição do catálogos, chamado popularmente "catálogos kosher".
"A exclusão total das mulheres e das meninas do catálogo envia uma mensagem grave de que as mulheres não têm nenhum valor e que há algo ruim na sua presença, inclusive no espaço familiar que é mostrado nos catálogos", alegaram os litigantes.
"Esta discriminação e exclusão fez irritar, insultar e traumatizar os que receberam o catálogo" e pode "prejudicar o status das mulheres na sociedade em geral, e particularmente na (comunidade) ultra-ortodoxa", denunciaram.
O "catálogo kosher" foi distribuído durante um período de 2017 em Israel e levantou queixas de grupos feministas e dos clientes mais seculares. Depois da polêmica, a Ikea anunciou que deixaria de distribuir qualquer tipo de catálogos que excluísse mulheres e posteriormente distribuiu outro com imagens sem pessoas.
Em setembro, a Justiça israelense condenou uma rádio ultra-ortodoxa ao pagamento de uma multa equivalente a 238 mil euros por excluir as mulheres de suas transmissões. EFE
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