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Palestinos pedem que TPI investigue crimes de Israel em manifestações em Gaza

28/02/2019 10h44

Gaza, 28 fev (EFE).- A Presidência da Palestina deu nesta quinta-feira as boas-vindas ao relatório da Comissão das Nações Unidas que acusou Israel de possíveis crimes de guerra nas manifestações de Gaza e disse que é o momento de "o Tribunal Penal Internacional (TPI) abrir imediatamente investigações sobre estes crimes".

"É hora de responsabilizar Israel por estes crimes", declarou o Escritório do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em comunicado, no qual acrescentou que Israel não pode seguir atuando como "um Estado acima da lei", informou a agência oficial de notícias "Wafa".

Para as autoridades palestinas, o relatório da comissão, criada em maio de 2018 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU para investigar "supostas violações e maus-tratos (...) no contexto dos ataques militares durante os grandes protestos civis que começaram em 30 de março de 2018", confirma que "Israel comete crimes de guerra contra" o povo palestino "em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém".

Por sua vez, o movimento islamita Hamas, que governa de fato na Faixa de Gaza, considerou que as conclusões "dos inspetores da ONU confirmam mais uma vez que a ocupação foi desumana", com "massacres e crimes de guerra contra civis", declarou Ismail Radwan, alto dirigente do grupo palestino.

"Eles cometem crimes de guerra contra mulheres, crianças, paramédicos, jornalistas e palestinos incapacitados em Gaza" acrescentou o líder do Hamas, que apelou à comunidade internacional para "pôr fim ao injusto bloqueio imposto" sobre a Faixa, que Israel aplica desde 2007, quando a organização islamita tomou através da força o controle do enclave litorâneo.

Israel qualificou de "falso, hostil e sossegado" o relatório sobre a atuação do país nos protestos, nos quais o Exército matou pelo menos 189 pessoas.

As mobilizações maciças na fronteira começaram em 30 de março de 2018 e continuaram a cada sexta-feira (e mais adiante também a cada segunda-feira com protestos no mar) até atualmente.

Segundo o relatório da ONU, entre os 189 mortos, houve 35 menores, três paramédicos e dois jornalistas claramente identificados como tais.

A comissão, presidida pelo argentino Santiago Cantón, afirmou em seu texto que "tem bases razoáveis para crer que durante a Grande Marcha do Retorno os soldados israelenses cometeram violações dos direitos humanos e a lei humanitária, em alguns casos constitutivos de crimes de guerra ou contra a humanidade, e devem ser imediatamente investigada por Israel". EFE