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Primeiro-ministro canadense volta a negar pressão sobre ex-titular da Justiça

28/02/2019 19h06

Toronto, 28 fev (EFE).- O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, negou mais uma vez nesta quinta-feira que tenha atuado de forma inadequada e pressionado a agora ex-ministra da Justiça Jody Wilson-Raybould para que interferisse politicamente em um caso na Justiça.

"Eu e os membros da minha equipe sempre agimos de forma apropriada e profissional. Discordo totalmente da caraterização que a ex-ministra da Justiça e o procurador-geral ofereceram em seu testemunho", afirmou Trudeau em entrevista coletiva.

Wilson-Raybould, que foi titular da Justiça até ser destituída, em 14 de janeiro, e nomeada ministra de Militares Veteranos, declarou ontem que recebeu pressões e até ameaças veladas do gabinete do primeiro-ministro, do próprio Trudeau e de outros membros do governo para que "interferisse politicamente" na ação judicial contra a construtora SNC-Lavalin.

Ela renunciou ao posto em 2 de fevereiro depois que um jornal canadense disse que Trudeau a pressionou para garantir um acordo favorável à maior construtora do país.

Ontem, a ex-ministra declarou no comitê de Justiça da Câmara Baixa do Parlamento que Trudeau queria que o Ministério Público canadense oferecesse, contra o critério dos promotores, um tratamento favorável à SNC-Lavalin para evitar um processo por corrupção. A empresa foi acusada de subornar importantes funcionários do regime do falecido líder líbio Muammar Kadafi para obter contratos.

Hoje, Trudeau disse que a razão pela qual estava interessado em oferecer à SNC-Lavalin um acordo diferente, que evitaria um processo por corrupção, era proteger empregos.

"Sempre defendemos e protegemos empregos no Canadá. Mas sempre faremos isso respeitando as normas", ressaltou o primeiro-ministro.

Wilson-Raybould afirmou ontem que Trudeau tinha advertido que o processo da SNC-Lavalin podia ter consequências eleitorais para o governante Partido Liberal (PL) e para ele mesmo. A SNC-Lavalin tem sede em Québec e emprega mais de 9 mil pessoas no Canadá. Trudeau é deputado pela província de Québec. Está previsto que as próximas eleições gerais aconteçam em outubro deste ano.

Depois das declarações de Wilson-Raybould, o líder da oposição, o conservador Andrew Scheer, pediu a renúncia de Trudeau, assim como uma investigação policial das pressões "quase ilegais" sofridas pela ex-ministra da Justiça.

No testemunho, Wilson-Raybould reconheceu que Trudeau e sua equipe não fizeram nada ilegal, mas qualificou a situação de "inadequada". EFE