Macri vê Argentina "melhor" do que quando chegou ao poder, apesar da crise
Buenos Aires, 1 mar (EFE).- O presidente da Argentina, Mauricio Macri, afirmou nesta sexta-feira que, apesar da "dor" que a crise econômica está provocando, o país está melhor do que em 2015, quando chegou ao poder, e apostou em uma "transformação" a longo prazo como única saída para os problemas estruturais do Estado.
"Nós argentinos estamos fazendo mudanças profundas para não voltar atrás", disse Macri no discurso de inauguração do ano político no Congresso da Nação, o quarto que realiza diante do Poder Legislativo desde que assumiu presidência e o último de seu mandato, já que em outubro haverá eleições.
Diante das autoridades dos três poderes do Estado, chefes das Forças Armadas e membros do corpo diplomático, entre outros, o discurso de Macri, que se estendeu por uma hora, se transformou em um balanço de seu governo, que está, segundo opinou, amparado em "bases sólidas".
Afligidos pela "dor e angústia" causadas pela crise, pediu aos argentinos que mantenham a esperança.
"Se não tivéssemos tomado as decisões que tomamos, a economia teria colapsado", disse o presidente, que após seu pronunciamento recebeu aplausos de parlamentares governistas e vaias da oposição.
"Os gritos e os insultos não falam de mim, falam dos senhores. Eu estou aqui pelos votos do povo. E pela primeira vez enfrentamos as dificuldades como país sem apelar para soluções demagógicas", afirmou.
Macri lembrou que quando chegou ao governo a economia não crescia desde 2012 e lamentou que, apesar de a política gradual de reformas que impulsionou ter conseguido que os números melhorassem, tudo se estagnou há menos de um ano.
"Quando começávamos a crescer, tivemos três 'choques' imprevistos. Saída de capitais de mercados emergentes, a seca e o caso dos cadernos (esquema de corrupção que envolve poderosos empresários e funcionários do governo anterior)", reconheceu o presidente.
A atividade econômica caiu 2,6% em 2018; a inflação chegou a 47,6%; a indústria desabou em 5% e a pobreza chegou aos 27,3% da população no primeiro semestre do ano passado.
Tais dados foram influenciados principalmente pela abrupta desvalorização do peso argentino iniciada em abril e a forte seca que afetou a produção agropecuária.
Para o chefe de Estado, a saída da crise passa por "terminar o mais rápido possível" com o alto déficit fiscal que a Argentina apresenta há sete décadas e que é o principal causador das oscilações das contas públicas.
"Estou convencido de que conseguir um equilíbrio fiscal sem remendos em 2020 e 2021 será o ato de justiça social mas importante feito em 70 anos", acrescentou.
Erradicar a pobreza foi o principal objetivo de seu governo, o que ainda não foi atingido.
"Desde o momento em que começamos a medir a pobreza, começamos a ver uma tendência de baixa durante dois anos, mas infelizmente, fruto do que descrevi, a pobreza voltou aos níveis de antes", assumiu Macri, que ressaltou que, apesar de tudo, foram saneadas as estatísticas, muito questionadas durante o kirchnerismo.
A inflação registrará em 2019 uma "baixa substancial", previu o chefe de Estado, que apostou em lutar contra a pobreza estrutural e não só na econômica, mas também fomentando a qualidade da educação.
A mensagem do presidente não demorou para ser fortemente questionada pela oposição.
"Não houve nenhum projeto, não houve nenhuma ideia para o futuro além de frases vinculadas a uma retórica vazia de conteúdo e, por assim dizer, um candidato que não governa", disse à imprensa Graciela Camaño, deputada da Frente Renovadora.
Para o legislador kirchnerista Agustín Rossi, "hoje começou a campanha eleitoral do presidente para a reeleição" em outubro (embora Macri ainda tenha oficializado sua candidatura), pois em seu discurso "político" se mostrou "gritando permanentemente".
Como novidades, o presidente anunciou um aumento nas quantias da Atribuição Universal por Filho (AUH) - recebida por desempregados e por quem tem renda inferior a um salário mínimo - e um projeto para poder informar aos pais sobre a qualidade de educação que os estudantes recebem.
"Há um caminho traçado, sabem que não estamos à deriva nem fazendo remendos. Nós cuidamos do que temos que cuidar com uma clara visão de futuro", enfatizou Macri, que elogiou principalmente os avanços conseguidos contra a corrupção, o narcotráfico e a favor da infraestrutura e o desenvolvimento energético, além do papel que a Argentina assumiu no mundo.
"O apoio do mundo à mudança que estamos impulsionando foi unânime", destacou Macri, para criticar que em 2015 o isolamento do país com parceiros como a Venezuela e o Irã estava se "aprofundando".
"Hoje podemos dizer que a Argentina está melhor do que em 2015. Melhor não significa que já estamos onde queremos estar, mas saímos do pântano onde estávamos. Ser difícil e levar mais tempo não quer dizer que é impossível", concluiu. EFE
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