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Premiê canadense remodela governo após renúncia polêmica de ministra

01/03/2019 16h06

Toronto, 1 mar (EFE).- O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, remodelou nesta sexta-feira o seu governo como consequência da polêmica renúncia no início de fevereiro da ministra de Veteranos, Jody Wilson-Raybould, que acusou o Poder Executivo de pressioná-la para favorecer a maior construtora do país.

Trudeau se viu obrigado a fazer mudanças em seu gabinete seis semanas depois da última remodelação e no meio de uma crescente crise política que pode afetar suas perspectivas em relação às eleições gerais previstas para outubro.

O posto de Wilson-Raybould como titular de Veteranos estará agora ocupado por Lawrence MacAuley, um dos deputados mais veteranos do Partido Liberal (PL), de Trudeau, e ex-ministro de Agricultura.

Por sua vez, a até agora ministra de Desenvolvimento Internacional, Marie-Claude Bibeau, foi indicada para assumir o Ministério da Agricultura, que pela primeira vez será liderado por uma mulher.

Finalmente, a ministra para a Mulher e a Igualdade de Gênero, Maryam Monsef, também ficará responsável pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional.

Trudeau já tinha realizado uma remodelação controversa de seu gabinete em 14 de janeiro quando destituiu Wilson-Raybould como ministra da Justiça e a nomeou titular da pasta de Veteranos.

Após a destituição de Wilson-Raybould, um meio de comunicação canadense revelou que a ex-ministra da Justiça supostamente tinha se negado a oferecer um tratamento favorável à maior construtora do país, SNC-Lavalin, como supostamente queria Trudeau.

Na quarta-feira passada, Wilson-Raybould declarou no parlamento canadense que foi pressionada durante meses pelos principais assessores de Trudeau, pelo próprio primeiro-ministro e por outros membros do governo para que obrigasse o Ministério Público a oferecer um acordo de processo diferido a SNC-Lavalin.

A empresa é acusada de corrupção por supostamente pagar milhões de dólares em propinas para funcionários do alto escalão do regime do falecido líder da Líbia, Muammar Kaddafi, inclusive a um de seus filhos, para conseguir contratos no país norte-africano.

O acordo evitaria que a SNC-Lavalin fosse processada criminalmente pelo pagamento de propina, o que impediria a possibilidade de proibi-la de participar da licitação de contratos públicos no Canadá durante 10 anos.

A SNC-Lavalin já foi vetada de participar da licitação de contratos do Banco Mundial durante 10 anos por pagamento de propinas em Bangladesh. EFE