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Conservadores tentam erguer pontes para conseguir um Brexit com acordo

03/03/2019 14h47

Paula Baena Velasco.

Londres, 3 mar (EFE).- Um grupo de parlamentares eurocéticos do Reino Unido, que representa o Grupo de Pesquisa Europeia (ERG, na sigla em inglês), tentou neste domingo aparar as arestas e desbloquear a situação em relação ao acordo do Brexit oferecendo apoio à primeira-ministra, Theresa May, sempre que cumprir três requisitos, que também teriam que ser negociados com Bruxelas.

Tais requisitos são um mecanismo legalmente vinculativo para poder sair do 'backstop' irlandês - que impede o estabelecimento de uma fronteira dura entre as duas Irlandas -, uma clara rota de saída do mesmo e uma reescritura do documento de assessoria jurídica do governo em termos que não levem a uma possível ambiguidade, revelou o jornal "The Sunday Times".

Com essas cartas sobre a mesa, o advogado-geral do Estado britânico, Geoffrey Cox, tentará agora fazer com que a União Europeia (UE) ceda a ofereça tais garantias nas negociações em Bruxelas.

Esses requisitos - que foram bem recebidos hoje pelo ministro de Comércio Internacional, Liam Fox, que os definiu como um esforço para encontrar um "território comum" - foram elaborados pela equipe jurídica do ERG, grupo liderado pelo conhecido deputado conservador Jacob Rees-Mogg, em conjunto com o norte-irlandês Partido Democrático Unionista (DUP).

Se a primeira-ministra conseguir fazer com que o bloco comunitário aceite as reivindicações britânicas, tudo indica que os 118 deputados conservadores que votaram contra o acordo em janeiro na Câmara dos Comum lhe deem apoio agora, junto com os dez parlamentares do DUP que são sócios de seu governo em minoria.

Se isso acontecer, e se todos os que votaram em favor do acordo no começo do ano se mantiverem firmes nessa postura, a premiê somaria 330 votos em favor de seu acordo, o que significaria a sua aprovação.

Os hipotéticos novos números afastariam o fantasma de 15 de janeiro, quando May sofreu a maior derrota de um governo jamais vista no parlamento londrino, com 432 votos contra e apenas 202 a favor de seu documento de saída da UE.

Um mês e meio depois dessa data, o otimismo sobre a possibilidade de conseguir um Brexit com acordo cresce em Westminster, segundo afirmou neste domingo o presidente do chamado Comitê 1922 - que agrupa aos deputados conservadores -, Graham Brady.

Brady disse que "o país inteiro está cansado de vacilações e atrasos" e opinou que "quando forem oferecidos os compromissos pertinentes" os parlamentares deveriam "se unir em suporte à primeira-ministra e ajudá-la a conseguir fazer a saída da União Europeia em 29 de março".

Uma data na qual, no entanto, segundo o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, não daria tempo ao Reino Unido para materializar o Brexit, mesmo se tivesse aprovado o acordo anteriormente.

Portanto, segundo Barnier, o país, aceite ou não o acordo, não deixará o bloco em 29 de março, como está estabelecido em virtude do Artigo 50 do Tratado de Lisboa.

Para o negociador-chefe da UE, a prorrogação do Brexit acontecerá mesmo com acordo por "razões técnicas" para sua implementação, e se não houver pacto, porque os deputados britânicos terão votado por ela em 14 de março.

Esse é o dia no qual May se comprometeu a fazer com que a Câmara dos Comum se pronuncie sobre essa questão se anteriormente rejeitarem tanto o pacto como uma saída abrupta.

Enquanto isso, o Partido Trabalhista foi quem deu hoje os maiores sinais de divisão interna, depois que a deputada Corline Flint estimou que há cerca de 70 parlamentares do partido que não estariam de acordo com a nova postura de apoiar um segundo referendo do Brexit.

A parlamentar pediu ao líder do partido, Jeremy Corbyn, que deixasse os deputados "votar livremente" e que os mesmos não tenham a obrigação de apoiar outra consulta.

Nesse sentido, o porta-voz de Economia do Partido Trabalhista, John McDonnell, afirmou hoje que será o conjunto do establishment do partido quem decidirá se haverá disciplina de voto nesse aspecto.

Corbyn se comprometeu esta semana a apoiar um novo referendo se os deputados derrubassem uma emenda que pedia o estabelecimento de uma união aduaneira com a UE, entre outras medidas.

A Câmara dos Comuns rejeitou essa cláusula na quarta-feira por 323 votos contra 240, o que levará os trabalhistas a redigirem uma proposta para exigir um referendo, mas o partido não detalhou ainda quando prevê levar essa demanda ao parlamento. EFE