Bispos se afastam da negociação entre governo e oposição na Nicarágua
Manágua, 4 mar (EFE).- A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) disse nesta segunda-feira que nem o governo de Daniel Ortega nem a oposição mostraram interesse em que os bispos do país mediassem as negociações entre as partes para superar a crise nacional e, portanto, decidiu se afastar do processo.
Em comunicado, o episcopado explicou que o cardeal Leopoldo Brenes participou por "cortesia" da primeira rodada de negociações na semana passada e ofereceu a mediação do CEN.
"Já que até o momento não recebemos nenhum convite sobre o assunto, compreendemos que não somos necessários para tais negociações", afirmou o episcopado em comunicado.
A partir de agora, a CEN informou que continuará acompanhando a situação do povo da Nicarágua na crise que assola o país, lutando para que as partes encontrem uma solução pacífica para o problema.
Na mesa de negociação, os representantes do governo e da opositora Aliança Cívica pela Justiça e Democracia conseguiram pequenos avanços na definição da agenda e dos mecanismos do processo. Na semana passada, a informação era que Brenes e o núncio apostólico Stanislao Waldemar Sommertag atuariam como testemunhas.
O episcopado teve um papel essencial na mediação do diálogo entre o governo e a oposição em maio do ano passado. No entanto, o governo de Ortega decidiu romper as negociações dois meses depois.
Até então, a Igreja Católica era vista como o único mediador confiável em qualquer diálogo para solucionar a crise no país.
Durante os protestos do ano passado, imagens de padres salvando a vida de pessoas que manifestavam o governo após confrontos com as forças de segurança circulavam o país, uma atitude que provocou a inimizade de Ortega, que acusou os religiosos de serem golpistas.
Segundo organizações humanitárias, a crise deixou entre 325 e 561 mortos na Nicarágua. Além disso, entre 340 e 777 pessoas foram presas. Centenas estão desaparecidas, milhares ficaram feridas e dezenas de milhares decidiram deixar o país.
Ortega, que diz ser vítima de um golpe da oposição para deixar o poder após 12 anos, reconhece apenas 190 mortes e 340 presos, chamados por ele de terroristas, golpistas ou delinquentes.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) considera que o governo da Nicarágua cometeu crimes contra a humanidade na repressão aos protestos contra Ortega.
Na Organização de Estados Americanos (OEA), há em andamento um processo de aplicação da Carta Democrática ao país, o que pode gerar a suspensão da Nicarágua do bloco. EFE
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