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Argélia registra 3º dia de protestos contra Bouteflika

05/03/2019 13h46

Argel, 5 mar (EFE).- Os estudantes da Argélia voltaram às ruas da capital nesta terça-feira para protestar contra a decisão do presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, de concorrer a um quinto mandato apesar de seu estado de saúde, pelo terceiro dia consecutivo desde que um representante inscreveu oficialmente a sua candidatura no domingo.

Bouteflika está internado em um hospital da Suíça desde 24 de fevereiro sem que se saiba até agora qual é o seu real estado de saúde.

Aos gritos de "Este povo não quer Bouteflika nem Said", em referência a seu irmão, e "Poder assassino", os estudantes tentaram marchar em direção à praça Grand Post, no centro de Argel, mas se depararam com um forte dispositivo policial.

O polícia só deixava passar, com extrema lentidão e muita precaução, os motoristas, que na maioria dos casos apoiavam o protesto com buzinaços.

Manifestações similares foram convocadas em universidades da capital e em outras cidades do país como Ain Temouchent, Constantina, Batna, Bouira, Guelma, Annaba e Blida.

Os protestos começaram em 22 de fevereiro e, desde então, foram crescendo de forma constante até a grande manifestação da última sexta-feira na capital, a maior da última década.

Apesar disso, o ministro dos Transportes e chefe de campanha de Bouteflika, Adelghani Zaalane, inscreveu o nome do presidente na disputa presidencial diante do Tribunal Constitucional, que tem dez dias para examinar todas as candidaturas e confirmá-las.

Ontem, os principais grupos de oposição exigiram de novo ao círculo de poder que ative o artigo 102 da Constituição que permite incapacitar ao presidente por motivos de saúde e adie as eleições previstas para 18 de abril.

Durante a presidência iniciada em 1999, Bouteflika sofreu um "derrame cerebral" em 2013 que minou seu estado físico e o impediu de fazer campanha nas eleições de 2014, mas não de ganhar o pleito.

Desde então, Bouteflika não fala em público, se locomove em uma cadeira de rodas empurrada por seu irmão Said e suas aparições públicas são incomuns, reduzidas às imagens gravadas pela emissora estatal durante os Conselhos de Ministros e visitas de altos dignitários estrangeiros.

Há cinco anos o presidente argelino não viaja para compromissos no exterior e nos dois últimos cancelou de última hora, por "recaídas de saúde", reuniões já confirmadas com nomes importantes da política mundial como a chanceler alemã Angela Merkel e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamad bin Salman. EFE