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Diretora-geral da Ctrip defende mais mulheres em cargos de comando

07/03/2019 10h37

Paula Escalada Medrano.

Xangai (China), 7 mar (EFE).- Quando mais mulheres estiverem em cargos de direção, maior será a igualdade, já que elas são mais aptas para promover políticas a favor da paridade dentro das empresas. Essa é a visão de Jane Sun, a única diretora-geral de uma grande empresa de tecnologia da China, a agência de viagens Ctrip.

Em entrevista à Agência Efe, Sun afirma que sua companhia é uma das pioneiras em estabelecer políticas a favor das mulheres e da igualdade, em um país onde ainda pesa a cultura tradicional de ver representantes do sexo feminino como cuidadoras do lar.

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PERGUNTA: Em 1975, Ano Internacional das Mulheres, a ONU oficializou o Dia internacional da Mulher, o 8 de março. Hoje, 44 anos depois, você considera que existe igualdade entre mulheres e homens?

RESPOSTA: Com o avanço da educação feminina, o mundo inteiro fez ótimos avanços em prol da igualdade, mas ainda há muito a melhorar. Toda a sociedade tem que estar ciente de que é preciso lutar para promover a igualdade e, como mulheres, temos também que trabalhar duro para levar a igualdade adiante.

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P: Defensores da igualdade são unânimes em dizer que meninas e adolescentes precisam de mais referenciais femininos em todos os âmbitos e que os estereótipos sejam eliminados. Como mãe de duas filhas, o que você pensa a respeito?

R: É verdade. Elas estão crescendo e precisam escolher quem são as referências a seguir. Ter boas referências irá ajudá-las a resolver dificuldades e eu acredito que temos que estar bem preparadas para oferecer as referências certas. São elas que vão motivar as meninas a trabalhar duro e fazer o melhor em suas vidas.

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P: Você se considera uma referência a ser seguida?

R: Um dos motivos pelos quais trabalho tanto é porque acho que as mães são os melhores exemplos para suas filhas. Tenho duas filhas. Quero me certificar de que dou bons exemplos. Quero fazer com que vejam que ser mãe e trabalhadora é possível, que é um desafio, porque você precisa equilibrar dois trabalhos que exigem muito, mas investir em dobro significa colher dobrado também.

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P: O Fórum Econômico Mundial considera que serão necessários 100 anos para atingirmos a igualdade real entre mulheres e homens. Você acredita que o caminho é mesmo tão longo?

R: Espero que seja muito mais curto. Acho que a tecnologia nos permitirá chegar lá. Quando olhamos a história da humanidade, antes de termos a tecnologia avançada, a maioria dos trabalhos envolvia agricultura ou caça, as aptidões físicas eram muito importantes e o homem era responsável por conseguir a comida para a família. Agora, a tecnologia avançou e, se o nosso futuro depende mais da tecnologia do que da força física, então nós temos as mesmas forças que os homens, por isso haverá cada vez mais oportunidades para as mulheres serem bem-sucedidas.

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P: O que você acredita que pode ser feito para acelerar esse processo?

R: Sou líder de uma empresa e sou uma mãe trabalhadora. Conheço todos os desafios que as mulheres enfrentam. Em reuniões executivas, por exemplo, eu sei quando as mulheres têm filhos e estão amamentando, então eu disse para trazerem os bebês para a reunião e durante o intervalo dessem de mamar. Se eu não fosse mãe trabalhadora não seria capaz de saber quais são os desafios de uma mãe trabalhadora. Então, ser uma me permitiu ver o que podemos fazer como companhia para apoiá-las. Nós fizemos muito. Entre outras coisas, implantamos cheques-presente quando têm filhos, horários flexíveis de trabalho ou o congelamento de óvulos para que não se sintam pressionadas a ter de escolher serem mães.

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P: Então, se cada vez tivermos mais mulheres em cargos de comando. mais efetiva será a igualdade?

R: Sim, se tivermos cada vez mais mulheres nos conselhos administrativos e ocupando posições executivas importantes a nossa voz será ouvida e teremos mais influência.

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P: E do lado dos governos, quais são as tarefas a realizar?

R: O governo tem que adotar políticas de apoio, como abrir mais escolas, ter programas para depois do horário da aula, diminuir impostos ou incentivos fiscais para as mulheres que trabalham. Tudo isso seria muito útil para apoiar mulheres trabalhadoras. EFE