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Argélia vive 3ª sexta-feira de protestos contra reeleição de Bouteflika

08/03/2019 10h08

Argel, 8 mar (EFE).- Milhares de pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira na Argélia, pela terceira semana consecutiva, para protestar contra a decisão de concorrer a um quinto mandato do presidente do país, Abdelaziz Bouteflika, internado em um hospital da Suíça sem que se saiba seu verdadeiro estado de saúde.

Como nas sextas-feiras anteriores, os manifestantes saíram de várias partes da capital, Argel, para se reunir nos três principais pontos de protesto, o palácio presidencial de Mouradia, a praça Primeiro de Maio e a praça Grand Post, no centro da cidade.

Em todos estes pontos há um amplo dispositivo policial, formado por agentes antidistúrbios, veículos blindados e helicópteros que vigiavam as marchas e impediram que os manifestantes se aproximassem dos edifícios emblemáticos do poder, especialmente protegidos.

"Pensavam que íamos parar, mas este é um desejo que está aqui dentro", explicou disse à Agência Efe uma das jovens que participam do protesto.

"O que disseram não serve (organizar uma segunda consulta para escolher um sucessor depois das eleições presidenciais de abril), queremos a mudança agora", acrescentou a jovem, que preferiu não ser identificada, enquanto ao seu redor a multidão pedia "não ao quinto mandato".

Os protestos contra a decisão de Bouteflika de se candidatar à reeleição pela quinta vez consecutiva começaram no dia 22 de fevereiro em Argel, com a maior manifestação ocorrida na última década na capital, convocada através das redes sociais.

Na última sexta-feira, os protestos se multiplicaram e não só ocuparam o centro de Argel, mas também outras cidades do país, como Oran, Bejaia, Annaba, Constantina e a remota Arar, no deserto sul do país.

Na presidência desde 1999, o Bouteflika, de 81 anos, sofreu em 2013 um grave "acidente cardiovascular" que já o impediu de fazer campanha para as eleições presidenciais do ano seguinte.

Desde então, o líder não fala em público, se locomove em uma cadeira de rodas empurrada pelo seu irmão Said e os suas aparições públicas são raras, reduzidas às imagens gravadas pela emissora de televisão estatal por conta do conselho de ministros ou de visitas de altos dignitários estrangeiros.

Bouteflika foi no dia 24 de fevereiro à Suíça para se submeter ao que o regime chama de "exames médicos de rotina" e desde então não retornou à Argélia, o que multiplicou os rumores sobre a gravidade de sua doença. EFE