Mulheres se manifestam contra violência de gênero em Nairóbi
Nairóbi, 8 mar (EFE).- Mais de cem mulheres se manifestaram nesta sexta-feira no centro de Nairóbi por causa do Dia Internacional da Mulher, com a lema "Humanizar os corpos das mulheres negras" e com a exigência de que o Governo do Quênia combata a violência de gênero.
"Saímos às ruas como feministas porque nos matam todos os dias, mas não existe uma conversa sobre isso nas instituições. Queremos injetar a feminismo na discussão pública porque, enquanto continuarem sentados, mais mulheres vão morrer", declarou à Agência Efe a advogada queniana e coorganizadora do protesto, Vivian Ouya.
A passeata, convocada pelo grupo Feminists in Kenya, percorreu as ruas do centro da capital queniana com paradas no Parlamento, no Tribunal Supremo e na sede do Governo.
A mobilização, que gritou palavras de ordem como "As mulheres unidas jamais serão vencidas" e "Não mais feminicídios", contou com a presença da deputada do Parlamento queniano Esther Passaris, que enviou uma mensagem ao presidente do país africano, Uhuru Kenyatta.
"As mulheres quenianas sofrem tortura emocional e física, e precisam de proteção", ressaltou Passaris, reivindicando uma reunião com o Governo para abordar o problema.
O Governo, através do vice-presidente, William Ruto, defendeu em sua conta da rede social Twitter "uma comunidade mais equilibrada, através do aumento das oportunidades para as mulheres e de seu empoderamento", apesar de não ter mencionado a violência de gênero.
Segundo dados de 2014 do Escritório de Crime do Quênia, quase uma em cada cinco quenianas (21%) sofreu violência sexual, e quase a metade da população feminina (45%) entre 15 e 49 anos, violência física e/ou sexual.
A iniciativa popular Counting Dead Woman Kenya, que tenta resolver a falta de informação sobre este tema, contabilizou 25 feminicídios confirmados apenas em janeiro e fevereiro deste ano.
O protesto de hoje foi relevante devido à escassez de precedentes de manifestações organizadas por mulheres no Quênia.
Entre as principais reivindicações das manifestantes que foram hoje para as ruas de Nairóbi destacam-se a criação de um plano nacional de ação contra o feminicídio e a violência contra a mulher, que reconheça esses problemas como uma "emergência nacional", tal como fez o Governo de Serra Leoa em fevereiro passado.
"Embora nossa Constituição seja muito progressista, a implementação é um problema, não se destinam fundos suficientes", explicou à Efe outra organizadora do protesto, a jurista Nancy Houston.
As manifestantes também exigem a reforma das delegacias de atendimento às mulheres, que não contam com agentes especializados e incluem homens, um fato que não facilita a declaração das vítimas que sofreram um estupro, segundo as ativistas.
Elas também denunciam a "falta de respeito público dos políticos" com as mulheres, como o adiamento em novembro de 2018 da votação sobre o chamado "Projeto de Lei de Gênero", uma proposta para reformar a Constituição e assegurar pelo menos que um terço das cadeiras do Parlamento sejam ocupadas por mulheres. EFE
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