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Bolsonaro diz esperar que polícia chegue a mandantes da morte de Marielle

12/03/2019 16h11

Rio de Janeiro, 12 mar (EFE).- O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que espera que a polícia identifique os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, depois que foi anunciada hoje a detenção de dois suspeitos como autores materiais deste crime.

"Espero que realmente a apuração tenha chegado de fato a esses, se é que foram eles os executores, e o mais importante, quem mandou matar", afirmou Bolsonaro a jornalistas em Brasília após seu encontro com o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.

O chefe de Estado se pronunciou sobre o crime depois que a Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro declarou que, após a detenção dos dois suspeitos de participar do assassinato como autores materiais, a investigação prosseguirá para determinar se há outros autores ou se houve mandantes.

Segundo o chefe da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio, Giniton Lages, já está em andamento uma segunda fase da investigação para determinar a motivação do crime e se os autores praticaram o homicídio por conta própria ou se receberam ordens ou financiamento de terceiras pessoas.

A vereadora e o motorista do veículo no qual estava, Anderson Gomes, foram assassinados há quase um ano, em 14 de março de 2018, em uma rua do centro do Rio de Janeiro.

Segundo a Polícia Civil, um dos dois detidos nesta terça-feira, o policial militar reformado Ronnie Lessa, é suspeito de ter sido o autor dos disparos que mataram a vereadora, muito crítica aos abusos policiais.

O outro detido, Elcio Vieira de Queiroz, de 46 anos e que tinha sido expulso da Polícia Militar, é acusado de dirigir o automóvel usado para efetuar a execução.

Ao final das suas breves declarações, Bolsonaro ressaltou que também está interessado em saber quem mandou matá-lo, ao lembrar o atentado que sofreu antes das eleições presidenciais de outubro e que o manteve hospitalizado durante mais de um mês.

O então candidato foi esfaqueado em um comício político por um homem identificado como Adélio Bispo de Oliveira, que, segundo as primeiras investigações, atuou de forma isolada.

No entanto, Bolsonaro insistiu que é necessário que sejam averiguados os vínculos do autor do atentado com o PSOL, partido do qual chegou a ser militante e ao qual também pertencia Marielle.

Ao ser interrogado sobre a divulgação de fotografias nas quais aparece ao lado de Vieira de Queiroz, Bolsonaro disse que tem "milhares" de fotografias ao lado de polícias de todo o Brasil.

"É possível que (o crime) tenha um mandante", destacou Bolsonaro, após opinar que nenhum crime é perfeito.

Em entrevista coletiva realizada horas antes no Rio, o delegado Giniton Lages tinha confirmado que Lessa vive em um apartamento no mesmo condomínio de Bolsonaro e que a filha do policial reformado tinha namorado um dos filhos do presidente.

"Isso tem (namoro entre os dois), mas isso, para nós, hoje, não importou na motivação delitiva. Isso vai ser enfrentado em um momento oportuno. Não é importante para esse momento", disse Lages, sem entrar em detalhes sobre o relacionamento. EFE