"Ninguém quer uma transição eterna", diz vice-primeiro-ministro da Argélia
Argel, 13 mar (EFE).- O novo vice-primeiro-ministro da Argélia, Ramtam Lamamra, afirmou nesta quarta-feira que "ninguém deseja um período de transição eterno" e que este desencadeará "em um novo sistema político que se sustentará na vontade do povo".
Em entrevista à rádio estatal "Cadena Tres", Lamamra, ex-ministro das Relações Exteriores, disse que a função do novo governo, cuja composição será conhecida amanhã, será facilitar o trabalho da Conferência Nacional, que deve estruturar uma reforma sem mexer nos alicerces.
O vice-primeiro-ministro disse defender a inclusão de todas as sensibilidades e todos os atores na discussão, entre eles a chamada diáspora argelina.
"Ninguém deseja um período de transição eterno. A Argélia continuará sendo uma república democrática. Suas essências não mudarão", ressaltou.
A este respeito, Lamamra insistiu que o processo se dará sob a consulta de diferentes partidos políticos e que na Conferência Nacional, aberta igualmente para a sociedade civil, "estarão representados de forma equitativa os diferentes componentes da sociedade argelina".
"A oposição está cordialmente convidada a se integrar no novo governo. Não há nenhum problema. Se elementos da oposição e da sociedade desejam estar presentes no governo, são bem-vindos", afirmou Lamamra, que admitiu que a mudança no novo Executivo "será substancial".
"A questão é dialogar entre todos para poder atender às aspirações dos jovens. Quando a pátria perde, ninguém ganha. Não se trata de permanecer no poder por mais alguns meses", acrescentou o vice-primeiro-ministro sobre a desistência do presidente da Argélia, Abdulaziz Bouteflika, de tentar se reeleger para um quinto mandato.
A decisão de Bouteflika foi anunciada na última segunda-feira, após mais de três semanas de protestos nas ruas, na maior mobilização ocorrida nas últimas duas décadas no país.
O anúncio do presidente, pelo qual as eleições presidenciais previstas para 18 de abril serão adiadas e teve início um período de transição, não acalmou os argelinos, que temem uma manobra do regime para se manter no poder. EFE
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