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Cristina Kirchner viaja para Cuba para ver filha que faz tratamento na ilha

14/03/2019 12h21

Buenos Aires, 14 mar (EFE).- A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, partiu nesta quinta-feira para Cuba para visitar sua filha Florencia, que, segundo a atual senadora, recebe tratamento na ilha pelos problemas "de saúde" provocados pela perseguição "feroz" a que está sendo submetida por parte da Justiça argentina, que acusa as duas de corrupção.

"Minha filha, Florencia, fruto da perseguição feroz a que foi submetida, começou a ter há algum tempo graves problemas de saúde. O estresse brutal que sofreu devastou seu corpo e sua saúde", disse Cristina em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Fontes do entorno da ex-presidente - que é alvo de sete processos, a maioria por corrupção - especificaram para a Agência Efe que a atual senadora partiu hoje de Buenos Aires para Havana, onde deve permanecer por uma semana.

Florencia Kirchner, de 29 anos, é acusada junto de seu irmão Máximo e sua mãe, entre outros, em um caso por suposta lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, pelas operações que uma das empresas da família realizou com adjudicatários de contratos de obras públicas durante os governos kirchneristas.

Em 28 de fevereiro, o juiz federal Julián Ercolini dispôs, ainda sem data, a realização de uma audiência oral do "caso Hotesur", no qual estão sendo processados desde maio de 2018 a senadora e seus filhos.

Em 2016, a Justiça embargou os US$ 4,66 milhões que estavam em cofres de propriedade de Florencia, assim como US$ 1,03 milhão de uma conta bancária e 53.280 pesos argentinos (quase US$ 1.300 atuais) de outra, um dinheiro que ela disse que era produto da herança de seu pai e da cessão de bens do casal efetuada por sua mãe.

"É muito terrível para uma jovem que a acusem de ter praticado o crime de formação de quadrilha no mesmo dia em que seu pai morreu", afirmou Cristina no vídeo, no qual esclareceu que "os filhos se transformam em herdeiros de seu pai pela lei, não por vontade própria".

A ex-presidente ressaltou que a "perseguição" que fizeram sobre Florencia se deve ao fato de ela ser "filha de Néstor e Cristina Kirchner".

"Só por isso, porque é a nossa filha. Por isso peço aos que nos odeiam, porque nos veem como inimigos, que, por favor, se metam comigo, mas não com ela. Não mais com ela, por favor", insistiu, e enfatizou que, "mais uma vez", "não apenas violam" nos tribunais os direitos dos opositores do governo de Mauricio Macri, mas também os de seus "filhos e filhas".

A ex-chefe de Estado apresentou nos tribunais um atestado médico sobre a saúde de Florencia, os mesmos aos quais compareceu "todas as vezes em que foi intimada".

Segundo Cristina, em 5 de dezembro sua filha foi convidada ao Festival de Cinema de Havana para apresentar um documentário do qual foi uma das roteiristas e obteve um prêmio.

"Então, ela decidiu fazer uma consulta médica lá pelo prestígio internacional que tem o sistema de saúde de Cuba, que é de altíssima qualidade", afirmou Cristina.

"Lá ela passou por revisões e os médicos lhe explicaram que deveria começar um tratamento. Assim que terminou o festival, Florencia retornou ao país ainda em dezembro", assinalou a ex-presidente.

Já em fevereiro, ela voltou a viajar para Cuba para realizar um curso para roteiristas.

"No entanto, não pôde sequer iniciá-lo porque, quando chegou, depois do voo, seu estado de saúde tinha se deteriorado sensivelmente. Por isso, tiveram que avaliá-la e tratá-la e, no dia 7 de março, lhe proibiram viajar em avião por enquanto, já que ela não pode permanecer sentada nem de pé por longos períodos devido à patologia que sofre", explicou Cristina.

Por isso a ex-presidente apresentou o atestado médico de sua filha à Justiça, para justificar sua saída do país, para poder visitá-la, e para que conste nos autos dos processos.

Cristina, que sempre manteve uma boa relação com o governo cubano, disse que foi solicitada à Justiça a "reserva" que o caso merece, "para não afetar ainda mais a condição clínica" de Florencia.

"No entanto, e como sempre, mais uma vez violaram novamente os direitos da minha filha. Como fizeram e seguem fazendo com os meus familiares", criticou Cristina. EFE