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Cuba conclui que não houve ataques sônicos contra diplomatas de EUA e Canadá

Carlos Fernández de Cossío, Ministro das Relações Exteriores cubano revela o resultado das investigações - AFP
Carlos Fernández de Cossío, Ministro das Relações Exteriores cubano revela o resultado das investigações Imagem: AFP

14/03/2019 15h35

Cuba revelou nesta quinta-feira (14) o conteúdo das suas investigações sobre os incidentes de saúde devido aos quais dezenas de diplomatas e funcionários americanos e canadenses deixaram Havana, e refutou mais uma vez que tenha existido algum tipo de ataque sônico.

Após uma longa investigação - os primeiros incidentes foram reportados em fevereiro de 2017 -, os especialistas cubanos concluíram que "não há evidência, teoria nem resultado investigativo apegado à ciência que justifique o termo ataque", segundo indicou o diretor para os Estados Unidos da chancelaria cubana, Carlos Fernández de Cossío, em entrevista coletiva.

Pelo menos 26 funcionários e diplomatas dos EUA e 14 do Canadá destinados em Havana apresentaram desde o início de 2017 sintomas como lesões cerebrais, enjoos, dores de cabeça e falta de capacidade de concentração por motivos que ainda se desconhecem.

Ambas embaixadas reduziram ao mínimo suas equipes por este motivo e, no caso dos EUA, algumas autoridades deste país qualificaram como "ataques sônicos" estes incidentes, o que causou fortes tensões diplomáticas bilaterais.

Na entrevista coletiva de hoje em Havana esteve presente um grupo de especialistas cubanos - desde agentes da segurança estatal até cientistas e médicos - que revelou pela primeira vez o conteúdo das suas investigações, realizadas em paralelo às efetuadas pelos EUA e com colaborações parciais entre ambas.

Apoiados em dados próprios e de publicações estrangeiras, os especialistas cubanos argumentaram que tecnicamente não teria sido factível ter dirigido ataques sônicos, acústicos ou com micro-ondas contra os afetados, e que os sintomas que estes apresentam também não corresponderiam com essa suposta causa.

Além disso, minimizaram a importância dos transtornos sofridos pelos funcionários dos EUA e do Canadá ao considerar que, em grande parte, poderiam dever-se a condições preexistentes, assim como causas psicológicas como a "influência das redes sociais, do governo, dos médicos e dos meios de comunicação", segundo seu relatório.

Além disso, acusaram os EUA de não terem cooperado o suficiente na investigação, o que teria dificultado o esclarecimento dos fatos, enquanto com o Canadá a colaboração foi mais fluente, embora sem resultados tangíveis por enquanto, apontaram os especialistas cubanos.

Por sua parte, Fernández de Cossío acusou diretamente o governo de Donald Trump - que aplica restrições de viagem a Cuba por este caso - de "manipular" a informação e fazer "acusações infundadas" para culpar Havana dos supostos ataques e deteriorar ainda mais as já tensas relações entre ambos países.

O principal responsável das relações com os EUA reiterou que Cuba "garante a segurança e tranquilidade de todas as missões diplomáticas e de seu pessoal" e reforçou sua vontade de cooperar para descobrir a origem dos misteriosos incidentes, que continua sendo uma incógnita.