Evo Morales afirma na ONU que guerra contra as drogas fracassou
Viena, 14 mar (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quinta-feira que a guerra contra as drogas fracassou durante um discurso em uma reunião da ONU que revisa em Viena a última década de política internacional contra os entorpecentes.
"A realidade nos demonstra que a guerra contra as drogas fracassou", declarou o presidente boliviano, que expôs o "bem-sucedido" modelo de seu país na luta antidrogas após a expulsão da Administração para o Controle de Drogas dos Estados Unidos (DEA) há dez anos.
"Hoje nos vemos obrigados a repensar novos modelos que reconheçam a realidade de cada um dos países nas suas própias experiências", afirmou Morales, ao ressaltar que cada Estado deve adaptar a luta antidrogas à sua própria situação.
Morales reconheceu que houve alguns avanços nos últimos dez anos na estratégia mundial contra as drogas, mas lembrou que segundo os próprios dados das Nações Unidas, o cultivo, produção e consumo de drogas também aumentaram.
O líder boliviano expôs o modelo de luta contra as drogas na Bolívia, que considerou um sucesso, já que se há 13 anos a coca cultivada no país representava 20% do total da região andina, agora se reduziu a 10%.
Esta política antidrogas da Bolívia, baseada no controle social e regulação dos cultivos, segundo explicou, contrasta com a aplicada anteriormente, baseada na erradicação forçada e que "não respeitava os direitos humanos".
"Quando chegamos ao Governo, herdamos um modelo alheio à realidade boliviana, que não levava em conta o uso cultural tradicional e medicinal da folha de coca", afirmou.
Morales criticou os Estados Unidos, país que utiliza a política antidrogas como "um mecanismo de controle geopolítico" que baseava-se na "imposição" e em se envolver na "política interna".
O presidente afirmou que os Estados Unidos eram no passado "donos da Bolívia" e que a sua embaixada decidia as nomeações nos órgãos de segurança do país andino.
Essa situação contrasta com a atual, segundo o presidente boliviano, já que agora seu Governo desenha de forma "digna e soberana" sua própria política antidroga.
"A coca é parte da nossa identidade, é parte da Bolívia", declarou sobre a importância dessa planta na cultura de seu país.
Morales lembrou que seu país incluiu em 2013 uma reserva nos tratados sobre drogas que permite a mastigação de folha de coca e proibiu o uso do herbicida glifosato para erradicar os cultivos ilícitos, já que é prejudicial à saúde.
O presidente da nação andina ressaltou o enorme valor cultural da coca na cultura de seu país e disse que a Organização Mundial da Saúde estudará os possíveis benefícios da planta para a saúde.
"Não pode existir o livre cultivo de coca, mas também não políticas de coca zero", resumiu o líder a postura de seu país.
Para concluir, Morales lembrou que o narcotráfico existe porque há demanda de cocaína e ressaltou que os Estados Unidos continuam sendo o primeiro consumidor dessa droga no mundo. EFE
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