Venezuela acusa EUA e Colômbia de prejuízo causado por drogas nas Américas
Viena, 14 mar (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, responsabilizou nesta quinta-feira em Viena, na Áustria, a Colômbia e os Estados Unidos pelo prejuízo causado pelas drogas nas Américas e, inclusive, insinuou que Washington participa ativamente deste círculo "vicioso".
"Como isso acontece? Como a droga que é produzida na Colômbia pode sair e chegar aos EUA sem que seja detectada pelos sistemas de segurança do país mais poderoso do planeta?", questionou o ministro em discurso na Comissão de Narcóticos da ONU.
"Como pode não haver instituições e Estados envolvidos neste círculo vicioso?", acrescentou Arreaza.
Em seu discurso, o ministro denunciou que a droga produzida no país vizinho acaba "no sangue, nos neurônios e nos túmulos de jovens americanos", e tudo isso mesmo com a DEA (a agência antidrogas dos EUA) atuando "como vigilante" no país.
Além disso, Arreaza afirmou que mais de 90% da droga confiscada nos Estados Unidos vem da Colômbia.
O ministro venezuelano disse que a estratégia de guerra contra as drogas causou um alto custo em termos sociais na América Latina e que, em alguns casos, deu lugar para a instalação de bases americanas na região.
Bases e operações militares que, segundo Arreaza, "parecem mais um pretexto para manter tropas e controle territorial sobre a região do que uma política real para combater o narcotráfico".
O representante venezuelano criticou que nos últimos anos o número de hectares dedicados ao cultivo da coca e a produção de cocaína tenham chegado a níveis recordes na Colômbia, e afirmou que cerca de 5 milhões de colombianos foram para a Venezuela fugindo da violência causada pelo tráfico de drogas.
"Sem dúvida alguma, o narcotráfico é uma fonte de acumulação e de geração de riqueza, que está cheia de sangue e é parte inerente do sistema capitalista", denunciou Arreaza.
Nesse sentido, o ministro pediu que se abordem as causas para conter "a indústria do narcotráfico como ferramenta que usa o sistema econômico" que "ameaça o futuro da humanidade".
Após seu discurso, o ministro Venezuelano se reuniu com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que também participou da reunião da ONU nesta quinta-feira.
Além disso, Arreaza manteve um encontro bilateral com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Assim que o ministro venezuelano começou seu discurso, deixaram o plenário os representantes de vários países que reconheceram o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. EFE
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