Governo espanhol deve exumar Franco em junho
Madri, 15 mar (EFE).- O Governo da Espanha decidiu que os restos mortais do ditador Francisco Franco (1892-1975) devem ser exumados no dia 10 de junho do monumento do Vale dos Caídos e enterrados no Cemitério Mingorrubio-El Pardo, em Madri.
De acordo com a vice-presidente do Governo, Carmen Calvo, o procedimento será realizado sem comunicação, divulgação ou imagens. Franco governou a Espanha de 1939 e 1975.
"Não se trata de um espetáculo. De toda forma, os parentes poderão assistir à exumação e ao sepultamento", disse ela, ao término da reunião semanal do Conselho de Ministros.
Franco foi enterrado na basílica do Vale dos Caídos, um monumento que ele mandou construir a 50 quilômetros de Madri e onde também estão enterrados milhares de combatentes dos dois lados da Guerra Civil espanhola (1936-1939).
O Supremo Tribunal de Espanha estuda um recurso apresentado há alguns dias pela família do ditador contra a decisão do governo de exumar o corpo e levá-lo para fora do Vale dos Caídos.
Antes de apresentar o recurso, os netos de Franco - os familiares vivos mais próximos - advertiram em carta ao governo que consideravam "nulo e sem efeito" o acordo do Conselho de Ministros para determinar um novo lugar para o corpo do avô.
O acordo excluía expressamente a cripta da catedral da Almudena, no centro de Madri, como possível local por razões de "ordem pública" e para evitar homenagens ao ditador, mas os familiares insistem que querem esse lugar se a Justiça decidir que os restos mortais devem sair de onde estão atualmente.
O Governo tinha estabelecido que determinaria sozinho o local de enterro definitivo de Franco se a família não aceitasse um alternativo à catedral.
De fato, o Governo estabeleceu a data da exumação sem esperar que o Supremo decida sobre a transferência dos restos mortais, mas admitiu que pode adiar se a Justiça anular ou suspender a decisão já tomada.
A vice-presidente afirmou que o governo respeitará e fará o que os tribunais decidirem.
Sobre a data escolhida, ela argumentou que a ideia é que esteja longe das duas próximas eleições na Espanha: 28 de abril (eleições gerais) e 26 de maio (regionais, municipais e europeias).
Segundo o governo espanhol, o Cemitério Mingorrubio-El Pardo, onde já está enterrada a esposa de Franco, Carmen Polo, permite "garantir tanto as condições de dignidade e respeito quanto a sepultura digna exigida".
Neste cemitério, na periferia de Madri, também fica o palácio onde Franco viveu até a morte e que hoje serve de residência de chefes de Estado estrangeiros quando realizam visitas oficiais à Espanha. EFE
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