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Cuba considera redução de vistos dos EUA um "obstáculo adicional" aos cubanos

16/03/2019 14h19

Havana, 16 mar (EFE).- A decisão do governo dos Estados Unidos de reduzir drasticamente o tempo de validade dos vistos de não imigrante concedidos aos cubanos é um "obstáculo adicional" para os vários cidadãos com parentes no território americano, afirmou neste sábado o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez.

"Rejeição à decisão dos EUA de reduzir para os cubanos o tempo de validade do visto B2 de cinco anos para três meses, com uma só entrada, o que constitui um obstáculo adicional ao exercício do direito dos cidadãos cubanos de visitarem seus parentes nesse país", escreveu o chanceler cubano no Twitter.

Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba denunciou neste sábado que esta medida se soma ao fechamento do Consulado dos EUA em Havana e "à interrupção injustificada da concessão de vistos aos cubanos, obrigando-os a viajar para outros países sem garantia alguma" de que será aceita a solicitação para entrar no território americano.

"Esta decisão impõe também altos custos econômicos às viagens familiares e de troca em múltiplas áreas", ressalta o texto, que acusa os EUA de "descumprimento da cota de vistos estabelecidos pelos Acordos Migratórios" bilaterais.

O anúncio, informado na sexta-feira em comunicado divulgado pela Embaixada dos EUA em Havana, especifica que a nova medida será aplicada a partir da próxima segunda-feira e que o objetivo é igualar a validade dos vistos concedidos pelo governo cubano aos cidadãos americanos.

A categoria de visto B2, que permite realizar visitas familiares, de turismo, para tratamento médico e propósitos de viagem similar, era concedido até então aos cubanos por um máximo de cinco anos com múltiplas entradas no território americano.

"Cuba concede aos turistas americanos vistos de uma só entrada para uma estadia de dois meses, prorrogáveis por outros 30 dias para um total de três meses, por uma tarifa de US$ 50", indica o texto da Embaixada americana.

A encarregada de negócios de Washington em Havana, Mara Tekach, destacou em um vídeo divulgado na página oficial do Facebook da missão diplomática que esta decisão "global" se deve a um "alinhamento de reciprocidade" que começará a ser aplicado no mundo todo.

"Não é certo que esta decisão tenha sido tomada sob um critério de reciprocidade, Cuba sempre oferece todas as facilidades para que os cidadãos americanos, de qualquer país do mundo, incluindo os próprios EUA, obtenham um visto, que é expedido no momento", respondeu a Chancelaria.

Cuba respondeu que se Washington "realmente deseja aplicar a reciprocidade", deveria reabrir o seu Consulado e retomar a concessão de vistos interrompida "de maneira arbitrária e injustificada há mais de um ano", quando os EUA decidiram retirar a maioria dos diplomatas por misteriosos incidentes de saúde ainda não esclarecidos.

O Ministério das Relações Exteriores cubano também pediu para que os Estados Unidos deixem de proibir que os seus cidadãos viajem livremente para Cuba. EFE