Gleisi diz que PT quer mediar solução pacífica para crise da Venezuela
São Paulo, 16 mar (EFE).- A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou neste sábado que o partido quer mediar uma solução pacífica e democrática para a crise enfrentada pela Venezuela.
"O que queremos com a Venezuela é poder mediar um processo pacífico de resolução de conflito", afirmou a deputada federal em entrevista concedida à Agencia Efe.
Gleisi foi muito criticada, inclusive por partidos de esquerda, por ter comparecido à posse de Nicolás Maduro em janeiro.
A proposta petista diverge da posição do presidente Jair Bolsonaro, que reconheceu o chefe da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, como autoproclamado presidente interino do país e pressiona Maduro a deixar o poder.
"Maduro foi eleito em uma eleição legítima, inclusive verificada por uma comissão internacional. O próprio Zapatero já se pronunciou sobre isso", disse Gleisi, citando o ex-presidente do governo da Espanha José Luis Rodríguez Zapatero, ao defender a legitimidade do presidente venezuelano.
A presidente do PT afirmou que Maduro vem sofrendo uma pressão internacional muito forte para deixar o poder e um grande desgaste pelos problemas internos da Venezuela, mas destacou que a solução para a crise tem que ser negociada.
"A diplomacia do Brasil sempre se colocou à disposição de negociar, e o PT quer cumprir esse papel como partido político porque sempre respeitamos a autodeterminação dos povos e a soberania de seus processos eleitorais", afirmou Gleisi.
Para a deputada federal, o principal desejo do PT é encontrar o mais rápido possível uma solução para a crise venezuelana para que o país vizinho possa voltar a ter estabilidade.
"Do ponto de vista do PT, respeitamos o processo interno da Venezuela. Queremos que a democracia se consolide e que o povo viva em paz", afirmou.
Gleisi ressaltou que o conflito interno venezuelano não é provocado pela oposição, mas sim pelo boicote internacional a Maduro e pelo desejo de uma intervenção na Venezuela. Por isso, o PT quer ser um "instrumento" para ajudar a encontrar uma solução pacífica.
A deputada também falou sobre a visita oficial de três dias que Bolsonaro fará aos Estados Unidos. Na avaliação de Gleisi, a viagem não agregará nada ao Brasil porque o presidente não está interessado em defender os interesses do país em Washington.
"A coisa mais importante que Bolsonaro pode levar a Trump em Washington é um pedido para que a fábrica da Ford permaneça no Brasil, e nossos operários não percam seus empregos. Mas, infelizmente, ele não fará isso. Então, é uma viagem que não acrescenta nada", afirmou Gleisi.
A Ford anunciou em fevereiro a intenção de fechar uma fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo, reduto eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode deixar 3,7 mil pessoas desempregadas.
Gleisi ainda afirmou que a visita de Bolsonaro pode, inclusive, dificultar a situação de estatais brasileiras que estariam na mira de empresas americanas interessadas em comprá-las.
"A viagem pode piorar a situação das estatais, principalmente da Petrobras, que já está praticamente cedida aos interesses dos americanos e das grandes petrolíferas", afirmou.
Para a presidente do PT, essa situação ficou provada com a revelação de detalhes de um acordo que a Petrobras assinou com as autoridades americanas para encerrar processos abertos contra a empresa nos EUA.
O acordo, segundo Gleisi, prevê o repasse de informações aos Estados Unidos sem que elas passem pelas vias oficiais.
"São informações estratégicas para o desenvolvimento do Brasil", criticou a deputada petista. EFE
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