Topo

Polícia prende ex-ministro, jornalistas e opositores em protesto na Nicarágua

16/03/2019 19h05

Manágua, 16 mar (EFE).- A Polícia da Nicarágua prendeu neste sábado 31 pessoas, entre elas jornalistas, lideranças da oposição e um ex-ministro da Educação, em uma operação realizada antes de um protesto contra o governo do presidente Daniel Ortega.

O ex-ministro de Educação Humberto Belli, a ex-guerrilheira sandinista Mónica Baltodano, a líder opositora Ana Margarita Vigil e a jornalista Marlen Chow estão entre os presos pela Polícia da Nicarágua. Eles também foram agredidos na ação, de acordo com a União Nacional Azul e Branco, contrária a Ortega.

As prisões ocorreram em uma das principais avenidas do país, onde opositores fariam uma manifestação para exigir que Ortega liberte pessoas presas por motivos políticos pelo governo ao longo dos protestos organizados desde abril do ano passado.

As prisões foram feitas de forma violenta e tiros foram disparados pelos agentes da Polícia Nacional da Nicarágua, segundo diversas testemunhas que presenciaram a ação.

Os agentes estavam sob ordens de agentes da Direção de Operações Especiais (DOE), corpo de elite da Polícia Nacional, que invadiram várias propriedades privadas para realizar as prisões.

A manifestação de hoje foi convocada na quinta-feira pela União Nacional Azul e Branco. Ontem, o governo informou que não tinha dado permissão para o protesto ocorrer, mas os opositores alegaram que tinham o direito constitucional de se expressar livremente.

Durante as prisões, um cinegrafista da agência francesa "AFP" foi agredido pelos agentes da DOE. O jornalista denunciou que os policiais roubaram a câmera e o celular que ele carregava.

Antes do protesto, os opositores pediram ao núncio apostólico da Nicarágua, Waldemar Stanislao Sommertag, e ao delegado da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Ángel Rosadilla, que acompanhassem as negociações para liberar o protesto e exigir que o governo respeite a Constituição.

A grave crise política da Nicarágua provocou a morte de 325 pessoas em 11 meses, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Ortega só reconhece 199 vítimas e diz ser vítima de uma tentativa de golpe de Estado por parte da oposição.

Ao menos 762 pessoas estão sob algum tipo de regime carcerário após participarem dos protestos contra Ortega, de acordo com o Comitê Pró-Libertação de Presos e Presos Políticos.

A CIDH acusa o governo da Nicarágua de ter cometido crimes contra a humanidade na repressão aos protestos. A Organização dos Estados Americanos (OEA) invocou a Carta Democrática contra Ortega, o que pode provocar a suspensão do país da instituição. EFE