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Grupo de moradores ataca hotel da OIM que acolhe refugiados na Grécia

19/03/2019 11h31

Atenas, 19 mar (EFE).- Cerca de 100 refugiados, entre eles várias crianças, foram atacados com paus e pedras por um grupo de moradores que queria evitar que os mesmos se alojassem em um hotel da Organização Internacional para as Migrações (OIM), informou nesta terça-feira a própria instituição à Agência Efe.

O ataque foi realizado por cerca de 70 moradores da cidade de Vilia, que fica a 55 quilômetros de Atenas, na última sexta-feira, poucas horas depois que as 20 famílias de refugiados chegaram procedentes das ilhas do Mar Egeu, confirmou à Efe a porta-voz da OIM na Grécia, Christine Nikolaidou.

O grupo não hesitou em agredir tanto adultos como crianças, relatou um dos novos moradores do hotel, que foi atingido no peito com um extintor por três homens que arrombaram a porta de seu quarto e também agrediram suas duas filhas pequenas com chutes e pontapés.

Apesar de tudo, ninguém sofreu ferimentos graves, mas as instalações do hotel ficaram seriamente danificadas.

As famílias foram transferidas para Vilia das ilhas de Samos, Chios e Leros, como parte do programa de refúgio temporário e proteção para refugiados e imigrantes vulneráveis "Filoxenia" da OIM, que conta com 50 hotéis na área continental da Grécia e acolhe cerca de 6 mil beneficiados.

Segundo Nikolaidou, apesar do ataque, as famílias continuarão vivendo no hotel e estão recebendo apoio e atendimento de trabalhadores sociais, psicólogos e advogados. Por enquanto, a OIM não tem a intenção de entrar com ações na Justiça contra os responsáveis pelo ataque.

Por outro lado, segundo informações veiculadas na imprensa local, a prefeitura e vários moradores devem apresentar uma demanda para exigir a expulsão dos refugiados de Vilia.

"Sinto vergonha dessas pessoas porque também são meus amigos, pessoas que conheço há muitos anos", disse aos veículos de imprensa a moradora Elisabet Andoniadu.

"Não entendo do que eles têm medo: Dos micróbios? Da perda de turistas? Se o hotel estivesse lotado de chineses, haveria algum problema?", acrescentou a moradora.

Essas reações racistas vêm acontecendo nas últimas semanas na Grécia, como por exemplo na ilha de Samos, onde mais de dois terços dos alunos de uma escola estão há duas semanas sem frequentar as aulas depois que seus pais convocaram uma greve para evitar que sus filhos compartilhem as instalações com 14 crianças refugiadas.

Samos é uma das ilhas mais congestionadas pela política de contenção provocada pelo mecanismo conjunto entre a União Europeia e a Turquia, com 3.981 pessoas vivendo em um centro de acolhimento capacitado para receber 648 pessoas, segundo dados do Ministério de Migração da Grécia. EFE