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Ministra de Israel diz que "fascismo cheira a democracia" em vídeo eleitoral

19/03/2019 10h50

Jerusalém, 19 mar (EFE).- Um vídeo em branco e preto, com ares sensuais e simulando um anúncio publicitário foi divulgado nesta terça-feira como parte do programa eleitoral da ministra de Justiça de Israel, Ayelet Shaked, no qual ela borrifa um perfume chamado "Fascismo" e critica o sistema judicial do país, prometendo uma mudança após as eleições gerais de 9 de abril.

"Reforma judicial, redução de ativistas, nomeação de juízes, governança, separação de poderes e moderação da Suprema Corte" são a essência do perfume "Fascismo que cheira a democracia" segundo a candidata, que concorrerá ao lado do titular de Educação, Naftali Benet pela formação Nova Direita.

Shaked enumera algumas das propostas que fez durante seus anos no cargo, nos quais se opôs em várias ocasiões às decisões e funcionamento do sistema judicial e que renderam várias críticas.

"A mudança está a caminho", promete ao final de um vídeo divulgado ontem à noite que hoje está gerando polêmica no país.

A gravação segue à iniciativa de ontem de Shaked de adotar passos drásticos para reformar o sistema judicial, com um programa político de choque que propõe realizar durante os primeiros cem dias de governo para modificar as bases dos funcionamento da Justiça israelense.

A ministra quer anular o comitê para o nomeação dos juízes e deseja que o Ministério de Justiça apresente candidatos para a judicatura diante do Governo e do Knesset (Parlamento israelense), que seriam os responsáveis por aprovar a escolha, assim como ser possível nomear um juiz com uma maioria simples de votos na Câmara, recolhe o site do jornal "Times of Israel".

Além disso, Shaked defende adotar uma cláusula que outorgaria ao Knesset o poder para anular uma decisão do Supremo com o voto de 61 parlamentares dos 120 que compõem o Parlamento, e quer aprovar o projeto de lei dos Assessores do Estado, que já tentou avançar anteriormente.

Horas antes de apresentar sua proposta, o Supremo proibiu participar das eleições de 9 de abril o ultradireitista Michael Ben Ari, acusado de racismo e islamofobia, e permitiu a participação do partido árabe Balad-Raam e de um candidato do Hadash-Taal, cuja participação o comitê eleitoral tinha vetado.

A ministra acusou a Corte de "golpe" contra a democracia e o público, afirmou que "as eleições se transformaram em uma coisa quase sem sentido" e argumentou que as pessoas "foram substituídas pelo público 'ilustrado'" durante um discurso em uma conferência, onde garantiu que "a revolução democrática está no meio do caminho".

Os comentários renderam duras críticas tanto da direita como da esquerda: os primeiros afirmaram que as propostas era tardia e insuficiente, enquanto os segundos a acusaram de querer arruinar o sistema judicial. EFE