Líderes mundiais se reúnem na Argentina para discutir cooperação Sul-Sul
Rodrigo García.
Buenos Aires, 20 mar (EFE).- Líderes políticos mundiais e representantes das mais importantes organizações internacionais iniciaram nesta quarta-feira, em Buenos Aires, uma reunião promovida pela ONU que busca reforçar a cooperação entre o mundo emergente, visando promover o desenvolvimento e diminuir a pobreza.
A II Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre a Cooperação Sul-Sul ocorre 40 anos depois da primeira, que também ocorreu na Argentina. Por isso, a reunião tem um simbolismo especial e serve para avaliar os avanços das últimas décadas.
A cooperação Sul-Sul é o processo de articulação política dos países do chamado "Terceiro Mundo" para promover o desenvolvimento em várias áreas. O uso do termo "sul" se deve ao fato de a maior parte deles estar localizada no hemisfério sul, apesar de haver alguns no norte.
"Graças, em parte, à cooperação Sul-Sul, milhões de mulheres, homens e crianças saíram da pobreza extrema. Os países em desenvolvimento atingiram taxas de crescimento econômico mais altas que vimos até o momento", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, na abertura da reunião.
O evento mais destacado da cooperação entre os países emergentes reunirá até sexta-feira autoridades de 193 países, entre chefes de Estado, ministros e representantes de organizações internacionais.
Como resultado, a expectativa é uma declaração conjunta focada nos 17 objetivos da Agenda 2030, que inclua menções ao fim da pobreza, da desigualdade de gênero e o combate à mudança climática.
Guterres destacou alguns dos desafios que precisam ser superados por meio da cooperação, como a crescente desigualdade entre os países e a necessidade de construir sociedades mais inclusivas.
O ex-primeiro-ministro de Portugal também citou o aquecimento global, alertando que o mundo está perdendo a briga contra o fenômeno já que 2018 foi o quarto ano mais quente já registrado.
Para Guterres, a cooperação deve encontrar soluções para a transformação das economias que dependem dos combustíveis fósseis e para que os países adotem o desenvolvimento sustentável.
Além disso, o secretário-geral da ONU incentivou os países do chamado Sul Global a trabalharem juntos para reduzir as necessidades em infraestrutura e atender à demanda crescente por energia, fator provocado pelo aumento da população.
Guterres ainda pediu "foco especial" na questão de gênero, que deve "estar no coração de todos os esforços"
O tema também foi destacado pela presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa. Para ela, é uma "obrigação" atingir a igualdade de gênero e empoderar as mulheres.
A diplomata equatoriana foi taxativa na hora de defender a cooperação entre os países emergentes, já que a estratégia foi capaz de superar modelos assistencialistas e verticais, representando uma importante ferramenta para erradicar a pobreza.
Espinosa ainda saiu em defesa do sistema multilateral, questionado por crescentes forças isolacionistas e pelo nacionalismo extremo que, segundo ela, estão ressurgindo no mundo.
Além do presidente da Argentina, Mauricio Macri, o anfitrião, estiveram presentes os presidentes do Uruguai, Tabaré Vázquez, do Paraguai, Mario Abdo Benítez, do Chile, Sebastián Piñera, da Estônia, Kersti Kaljualid, e o rei da Suazilândia, Mswati III.
"Estamos diante de uma grande oportunidade para fortalecer um sistema que nos permite trocar conhecimentos e fortalecer nossas capacidades cada vez mais", destacou Macri.
Abdo Benítez e Vázquez se unirem em favor da cooperação e destacaram a necessidade de reformular os critérios de medição do desenvolvimento e a graduação aplicada aos países.
"Acreditamos que os critérios vigentes são anacrônicos e prejudicam países como Uruguai", disse Vázquez.
Além disso, o comissário de Cooperação Internacional e Desenvolvimento da União Europeia, Neven Mimica, afirmou que a Agenda 2030 deveria guiar as políticas de todos os países.
O vice-primeiro-ministro da China, Hu Chunhua, afirmou que o país continuará com a política de isenção de tarifas para as importações de países em desenvolvimento.
A crise da Venezuela, país que não enviou nenhum representante para participar do encontro, não deve estar incluída na declaração final que será divulgada ao fim da conferência. No entanto, a situação foi discutida em algumas das reuniões bilaterais das autoridades que estão na Argentina. EFE
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