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Tokayev recebe as rédeas do Cazaquistão das mãos de Nazarbayev

20/03/2019 17h34

Kulpash Konyrova.

Astana, 20 mar (EFE).- Kassym-Jomart Tokayev, de 65 anos, foi empossado nesta quarta-feira presidente do Cazaquistão em uma sessão conjunta de ambas as câmaras do Legislativo, após a renúncia de Nursultan Nazarbayev, que governou o país durante quase 30 anos.

"Juro solenemente servir ao povo do Cazaquistão, cumprir estritamente a Constituição, garantir os direitos e as liberdades dos cidadãos e exercer fielmente as altas responsabilidades de presidente da república do Cazaquistão que me confiaram", disse Tokayev com a mão direita sobre um exemplar da Carta Magna cazaque.

Após fazer o juramento, o novo presidente se inclinou para beijar a bandeira do país. Em seguida, os parlamentares ficaram de pé com a mão direita sobre o peito para a execução do hino nacional.

Depois do hino, Tokayev recebeu o estandarte e o colar presidencial e se dirigiu à tribuna para fazer seu primeiro discurso como chefe do Estado.

Seu antecessor, declarado em 2010 "Elbasi" (líder da nação), presenciou a cerimônia e ouviu o discurso de Tokayev em sua solitária poltrona, no alto da presidência do plenário.

O novo líder cazaque, prestes a completar 66 anos, destacou que a decisão de Nazarbayev de renunciar é "uma mostra de sua grandeza como político de nível global e envergadura histórica".

"A república do Cazaquistão deve todas as suas conquistas e sucessos, e em particular sua sagrada independência, a Nursultan Abishevich Nazarbayev", acrescentou.

Tokayev lembrou que seu antecessor, de 78 anos, continua nos cargos de presidente do Conselho Segurança do Cazaquistão e do partido governista Nur Otan.

"A opinião do 'Elbasi' terá importância prioritária na elaboração e adoção de medidas de caráter estratégico", disse o novo presidente, que ressaltou a necessidade de perpetuar o nome de Nazarbayev e propôs chamar a capital do país, Astana, de Nursultan.

Tokayev formalizou rapidamente sua proposta: logo após a cerimônia de posse, enviou um projeto de lei de reforma constitucional para dar o nome de Nursultan à capital do país, que foi aprovado por unanimidade.

Embora a aprovação de emendas constitucionais prescinda da realização de um referendo, o Conselho Constitucional do país deu seu sinal verde para a tramitação expressa da modificação.

Além disso, o novo presidente cazaque propôs a construção de um monumento em homenagem a Nazarbayev na capital e apresentou a candidatura da filha mais velha do "Elbasi", Dariga Nazarbayeva, para presidir o Senado.

"Antes de mais nada, quero expressar com todo o meu coração minha profunda gratidão aos senhores pela confiança que depositaram em mim", disse Dariga após ser eleita por unanimidade.

A senadora acrescentou que está "plenamente consciente do papel do parlamento na vida política e social do país, sobretudo neste momento crucial da sua história".

Dariga, de 55 anos, participa ativamente na política do Cazaquistão desde 2003, quando fundou o partido Asar - já extinto -, com o qual ganhou uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Desde então, ocupou diferentes cargos: foi presidente de um comitê parlamentar, vice-presidente da Câmara e inclusive vice-primeira-ministra entre 2015 e 2016.

Em 15 de setembro de 2016, a filha mais velha de Nazarbayev passou a ocupar uma cadeira no Senado.

Segundo a Constituição cazaque, a presidência do Senado é o segundo cargo mais alto, depois da chefia do Estado, na hierarquia institucional do país.

Foi exatamente esta circunstância que alçou Tokayev ao cargo de presidente, que exercerá até abril de 2020, até o término do mandato para o qual seu antecessor foi eleito.

"Acredito que Tokayev é exatamente a pessoa a quem podemos confiar o governo do Cazaquistão", disse Nazarbayev ao anunciar ontem sua renúncia.

O Ministério das Relações Exteriores do Cazaquistão emitiu hoje uma declaração na qual ressalta que a substituição na chefia do país não modificará sua política de paz, baseada nos princípios do equilíbrio e no pragmatismo, assim como o cumprimento estrito de todas as suas obrigações internacionais. EFE