Partido norte-irlandês não apoiará um acordo do Brexit sem mudanças

Dublin, 21 mar (EFE).- O Partido Democrático Unionista (DUP, na sigla em inglês) da Irlanda do Norte, aliado na coalizão minoritária de governo no Reino Unido, advertiu nesta quinta-feira que não apoiará o acordo do Brexit a menos que a primeira-ministra, a conservadora Theresa May, faça "mudanças legais" no mecanismo de 'backstop' na fronteira irlandesa.

May se reunirá hoje com os líderes europeus para estudar um possível adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), prevista para 29 de março, mas Bruxelas condiciona essa saída à aprovação por parte do Parlamento britânico do acordo de 'divórcio' que ela mesma estabeleceu em novembro.

Em relação a uma votação hipotética em Westminster, que já rejeitou o plano de saída de May em janeiro e em março, o porta-voz do DUP para o Brexit, Sammy Wilson, lembrou que "não faz sentido" apoiar um texto "inaceitável" para seu partido em seu formato atual.

O dirigente do DUP declarou à emissora pública irlandesa "RTE" que as conversas com a primeira-ministra continuam em andamento, mas lamentou que "ainda haja muitas lacunas na negociação", sobretudo com relação ao mecanismo de 'backstop', que impediria o estabelecimento de uma fronteira dura entre as duas Irlandas.

Depois de solicitar formalmente um adiamento do Brexit até 30 de junho, May também enviou na quarta-feira uma mensagem televisionada para a população, pedindo ao Parlamento que apoie seu plano de saída do bloco europeu.

Segundo Wilson, essa mensagem tinha o objetivo de ocultar a "incompetência" mostrada pela primeira-ministra em suas negociações com Bruxelas e transferir "a culpa" para a Câmara dos Comuns, na qual os dez deputados do DUP permitem que ela governe em minoria.

Por isso, Wilson comentou hoje que seu partido quer "garantias legais" que estabeleçam que o 'backstop' não manterá todo o Reino Unido preso às estruturas da UE indefinidamente, um cenário que qualificou de "pesadelo".

O 'backstop' prevê que o Reino Unido permaneça na união aduaneira e que a Irlanda do Norte também esteja alinhada com certas normas do mercado único até que as partes estabeleçam uma nova relação comercial, um processo que pode durar anos.

Sobre isso, o DUP e a ala dura dos conservadores argumentam que esse mecanismo de segurança põe em risco a integridade territorial e econômica do Reino Unido, ao mesmo tempo em que concede à Irlanda do Norte um status diferente ao do resto do país. EFE