Estado Islâmico volta à clandestinidade após desmoronamento do "califado"
Fátima Subeh Marzo.
Cairo, 22 mar (EFE).- O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) será obrigado a voltar às sombras da clandestinidade depois de perder os últimos territórios na Síria e no Iraque, nos quais proclamou um califado e implantou o terror a partir de 2014.
Mas a derrota militar dos extremistas gera dúvidas sobre a possibilidade de um eventual ressurgimento no futuro caso a estabilidade não seja mantida nos dois países.
Afinal, a derrota do califado significa o fim do EI? Os Estados Unidos, a coalizão internacional e os especialistas em terrorismo jihadista são unânimes: o grupo sobreviverá à perda dos territórios, pelo menos por algum tempo.
De acordo com o pesquisador Thomas Pierret, este é o fim do Estado Islâmico "como organização que controla territórios e que os administra", mas não é o "final definitivo" como grupo extremista.
O especialista lembra que o EI já sofreu "severas derrotas" anteriormente, como no Iraque, onde foi reduzido a uma organização "frágil, com poucas centenas de membros restantes", mas depois conseguiu "ressurgir".
É de se esperar que, no caso da Síria, os terroristas "sobreviverão como grupos insurgentes que operarão de regiões remotas no deserto" e farão operações "talvez durante alguns anos", como segue ocorrendo no Iraque, onde o grupo foi derrotado em dezembro de 2017, mas parece se expandir agora.
Com a intenção de ilustrar o fim iminente do califado, o presidente dos EUA, Donald Trump, revelou nesta semana um mapa elaborado por uma agência de inteligência que mostra a presença "residual" dos extremistas em diversas regiões do Iraque.
O perigo dos jihadistas estrangeiros.
Entre os terroristas capturados há centenas de origem estrangeira que se uniram à jihad nos últimos anos e que, mesmo se forem julgados, podem ganhar liberadade em pouco tempo pela dificuldade de se apresentar provas sobre a participação deles nos crimes do EI.
Na opinião do especialista Colum Stark, "vai ser muito difícil encontrar as evidências para prender" os jihadistas que retornarem à Europa para serem julgados, por isso que alguns podem ser postos em liberdade "em dois ou três anos".
O investigador Kheder Khaddour, do Carnegie Middle East Center de Beirute, afirma que, por enquanto, os países de origem "não têm uma política clara" a respeito da repatriação, mas que os extremistas que foram aprisionados seguirão detidos "até que os seus governos encontrem uma solução" para o problema.
No Iraque, o governo pretende julgar os jihadistas estrangeiros nos seus tribunais, mas na Síria as milícias curdas que combateram o EI nos últimos quatro anos não podem se encarregar dos extremistas e inclusive ameaçaram soltá-los caso não sejam repatriados.
A erradicação do paraíso jihadista.
O final do califado significará acabar com a terra prometida para a qual emigraram milhares de jihadistas estrangeiros, inclusive os procedentes da Europa.
O EI "criou uma imagem atrativa" para as pessoas "marginalizadas", fazendo do grupo terrorista "uma plataforma para conseguir ter poder", e isto permitiu que os radicais crescessem e se fortalecessem, explicou Khaddour.
Apesar do fim do califado, algumas unidades do EI seguem controlando territórios que podem atrair outros extremistas, como é o caso da península do Sinai, no Egito, e o Afeganistão, mas as condições são muito diferentes às que foram vistas no Iraque e na Síria.
O principal fator que explica a expansão do EI nesses países, segundo o pesquisador, foi que a fronteira entre Síria e Iraque estava "debilitada pelo conflito sírio e o governo de Bashar al Assad (presidente da Síria) não foi capaz de controlá-la". EFE
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